Agência France-Presse
postado em 28/03/2014 09:30
Ramallah - Os palestinos anunciaram nesta sexta-feira (28/3) que foram informados pelo mediador americano sobre a recusa de Israel de libertar o quarto e último contingente de prisioneiros, apesar do compromisso assumido, o que coloca em risco a iniciativa de paz do secretário de Estado John Kerry.
Procuradas pela AFP, fontes do governo israelense se negaram a comentar a notícia, mas o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu já havia antecipado que poderia cancelar a libertação do quarto contingente pela crise na relação com os palestinos.
"O governo israelense nos informou, por meio do mediador americano, que não vai cumprir com o compromisso de libertar o quarto contingente de prisioneiros, previsto para sábado 29", declarou à AFP o dirigente palestino Jibril Rajub, um dia depois de um encontro entre o presidente palestino Mahmud Abbas e o emissário americano Martin Indyk.
"Israel se nega a respeitar a lista estabelecida de nomes de prisioneiros, todos eles detidos em prisões israelenses desde antes dos acordos de Oslo de 1993", disse o dirigente palestino.
Rajub é membro do Comitê Central do Fatah, o movimento de Mahmud Abbas. Ele chamou a decisão israelense de "tapa na administração americana e em seus esforços".
Em uma reunião na quarta-feira em Amã com o secretário de Estado americano John Kerry, Abbas se negou a abordar qualquer tema antes da libertação do quarto contingente de presos, afirmou uma fonte palestina, que pediu anonimato, à AFP.
O acordo, que permitiu em julho do ano passado a retomada das negociações de paz, prevê a libertação gradativa de 104 prisioneiros palestinos detidos antes dos acordos de Oslo de 1993, em troca da suspensão pelos palestinos das iniciativas para integrar organizações internacionais.
O governo israelense libertou os três primeiros grupos de 26 prisioneiros cada, mas já havia antecipado que poderia cancelar a libertação do quarto contingente.
As partes discordam especialmente da lista de prisioneiros, que inclui 14 árabes-israelenses, que o governo de Israel não deseja libertar por motivos de soberania nacional
O presidente americano Barack Obama, que recebeu em março, com duas semanas de intervalo, Netanyahu e Abbas, pediu que os dois tomassem decisões "difíceis" e que corressem "riscos pela paz", para concluir un acordo-marco com as bases de uma solução definitiva sobre as questões mais delicadas: fronteiras, colônias, segurança, status de Jerusalém e refugiados.
Em seu último dia como comissário geral da Agência da ONU para os Refugiados da Palestina (UNRWA), o italiano Filippo Grandi afirmou em um comunicado que os quase cinco milhões de refugiados "terminarão por obter justiça", considerando que "suas aspirações deverão ser levadas em consideração em qualquer esforçod e paz para que este seja duradouro".