Agência France-Presse
postado em 28/03/2014 16:34
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chegou nesta sexta-feira (28/3) a Riad para uma visita que deve se concentrar na ajuda militar à oposição síria, segundo fontes da Casa Branca. Obama tentará amenizar as tensões com o rei saudita Abdullah, que não esconde suas divergências com o governo americano em relação a Síria e Irã.
O apoio aos rebeldes sírios, incluindo o fornecimento de armas, "será definitivamente um dos principais temas da conversa", admitiu o vice-conselheiro de Segurança Nacional, Ben Rhodes, falando a repórteres a bordo do avião presidencial Air Force One.
A reunião oficial com Abdullah acontecerá em um palácio, nos arredores de Riad. "Nossa relação com os sauditas está mais forte em relação ao outono (do ano passado no hemisfério norte), quando tivemos algumas divergências táticas sobre nossa política quanto à Síria", disse.
Na ocasião, Riad expressou seu descontentamento com Obama, que desistiu de um ataque contra o regime sírio em represália ao uso de armas químicas.
A Arábia Saudita também observa com grande desconfiança os esforços de Washington e de outras potências para chegar a um acordo com o Irã com o objetivo de limitar o seu programa nuclear.
As relações entre os dois países, que datam de oito décadas, "atravessam tensões devido às posições de Washington" no Oriente Médio, declarou à AFP Abdelaziz al Saqr, diretor do Gulf Research Centre.
O soberano saudita defenderá "insistentemente que a ooposição receba armas" na Síria, acredita Saqr. O analista, ligado aos círculos políticos sauditas, adverte que a recente aproximação entre Washington e Teerã não deve "ser feita à custa das relações com Riad".
[SAIBAMAIS]A Arábia Saudita não vê com bons olhos o acordo alcançado em novembro de 2013, que prevê um congelamento parcial do programa nuclear da República Islâmica, em troca de um abrandamento das sanções econômicas contra Teerã.
Outra preocupação para a dinastia sunita que reina na Arábia Saudita é a postura americana em favor dos xiitas nesta região do mundo. No entanto, as relações entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita "não chegaram a se romper", afirma Anwar Eshki, chefe do Centro de Estudos Estratégicos e Legais do Oriente Médio.
A reunião pode "acalmar a atmosfera" entre Obama e Abdullah, acrescenta Paul Sullivan, especialista em questões de segurança e energia nos Estados Unidos.
"Independentemente das diferenças que temos, isso não altera o fato de que esta é uma aliança muito forte e importante", declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney. Riad se voltou para a Ásia, incluindo a China, em um aparente esforço de reequilibrar sua política externa.
As relações entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita começaram no final da Segunda Guerra Mundial, quando os dois países assinaram um acordo que basicamente estabelece a proteção de Washington aos aos sauditas em troca de petróleo.
Obama já viajou ao reino em 2009 para discutir as negociações de paz entre israelenses e palestinos. O Egito, que preocupa Raid por sua mudança dramática de regime, também está na agenda dos líderes.
Nos Estados Unidos, o anúncio da visita de Obama foi aproveitado por dezenas de legisladores para assinar uma petição solicitando que o presidente aborde as "violações sistemáticas dos direitos humanos" no país.