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Governo da Venezuela diz que oposição busca intervenção da Otan

Segundo o observatório, os conflitos laborais estão entre as principais causas dos 21.493 protestos registados nos últimos cinco anos

postado em 29/03/2014 14:39
O governo da Venezuela acusou hoje (29) a oposição do país de promover a desestabilização nacional para justificar uma ;intervenção; da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), acabar com a revolução bolivariana e entregar o petróleo aos Estados Unidos.

A acusação foi feita numa sessão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) em que o representante da Venezuela, Germán Saltrón, disse que as declarações de funcionários norte-americanos sobre a situação no seu país são "claramente favoráveis à intervenção militar para que se apoderem dos hidrocarbonetos".

"O objetivo é provocar o confronto entre os venezuelanos para simular uma guerra civil e solicitar a intervenção estrangeira de militares da Otan e, desta forma, acabar com a revolução bolivariana e entregar os maiores recursos petrolíferos do mundo aos Estados Unidos."

Saltrón lembrou que as manifestações que desde seis semanas ocorrem no país "não são pacíficas, só 20% dos manifestantes são estudantes e não representam a maioria do país, mas uma parte dos habitantes de 17 dos 33 municípios da Venezuela".

[SAIBAMAIS]

A CIDH ouviu também os representantes de várias organizações não governamentais (NG), entre elas o Programa Venezuelano de Educação-Ação em Direitos Humanos (Provea) e o Observatório Venezuelano de Conflituosidade Social, que denunciaram que na Venezuela "persiste um discurso governamental que procura atemorizar os trabalhadores para que não reivindiquem os seus direitos".

Segundo o observatório, os conflitos laborais estão entre as principais causas dos 21.493 protestos registados nos últimos cinco anos. "A resposta do Estado perante o descontentamento tem sido criar um marco jurídico violador dos direitos humanos", avaliou Marco António Ponce, coordenador-geral da organização.

O coordenador-geral do Provea, Marino Alvarado, denunciou que o Estado tem recorrido a "processos judiciais, penais e administrativo" e citou como exemplo que "fazer hoje uma greve nas indústrias básicas estatais é um risco de perda de liberdade".

A CIDH ouviu também o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa, Marco Ruíz, que denunciou que 116 profissionais foram agredidos desde 12 de fevereiro, quando cobriam os protestos que ocorrem no país.

Segundo ele, 23 profissionais foram detidos, 28 foram roubados pelas autoridades, dois estiveram sequestrados e pelo menos um "foi brutalmente espancado; pela Polícia Militar.

Tinedo Guía, presidente do Colégio Nacional de Jornalistas, entidade responsável pela atribuição da carteira profissional, explicou que "o silêncio na imprensa tem crescido até chegar a um vazio informativo".

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As mortes ocorridas em meio aos protestos na Venezuela já somam, pelo menos, 37. Além disso, há 81 denúncias de violações de direitos humanos e danos materiais.

Para o governo venezuelano, está em curso um "golpe de Estado continuado" contra o presidente legitimamente eleito Nicolás Maduro.

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