postado em 02/04/2014 06:00
A deputada opositora María Corina Machado desafiou o governo de Nicolás Maduro, ao liderar uma marcha em direção à Assembleia Nacional, em Caracas. A manifestação se preparava para sair da Praça Brión, no bairro de Chacaíto, quando foi interrompida pelas forças de segurança, no começo da tarde de ontem. Os policiais usaram jatos d;água, gás lacrimogêneo e disparos de espingarda de chumbo para dispersar a multidão. A convite do Senado brasileiro, a parlamentar desembarca hoje, em Brasília, onde participa de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. Também está prevista uma reunião reservada com um grupo de deputados. Ela teve o mandato oficialmente cassado pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, anteontem.
Em discurso a simpatizantes, Machado voltou a denunciar o governo de Maduro por perseguição ; três políticos opositores foram presos desde fevereiro, quando os protestos ganharam força em várias regiões do país. ;Hoje, é um dia escuro para nossa república porque os poderes públicos estão confabulados. Hoje, não apenas se destruiu a democracia na Venezuela. Com essa ação, se desmantela a república;, defendeu. ;Continuarei sendo a deputada de todos. A luta é até ser ganha e vamos ganhá-la;, desafiou a política, integrante da Mesa da Unidade Democrática (MUD).
Machado foi destituída e proibida de entrar no parlamento na semana passada, por iniciativa do presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, considerado o número dois do chavismo. Dias antes, ela participou de uma reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, como representante alternativa do Panamá. A deputada planejava, em seu pronunciamento no órgão, expor os excessos e as violações do governo Maduro. Mas o discurso foi frustrado pela missão venezuelana na OEA, que retirou da pauta o debate sobre o país. Ontem, o chanceler da Venezuela, Elías Jaua, agradeceu aos membros da Comunidade do Caribe (Caricom) por terem evitado que o bloco interviesse ;nos assuntos políticos da Venezuela;.
Por meio de um comunicado, o TSJ justificou a cassação de Machado ao afirmar que a ida dela a Washington ;constitui uma atividade incompatível durante a vigência de sua função legislativa, no período para o qual foi eleita;. O tribunal entendeu que a deputada violou ao menos dois artigos da Constituição do país ao aceitar representar outro Estado. ;Essa função diplomática não vai apenas contra a função legislativa para a qual foi previamente eleita, como também está em franca contradição com os seus deveres, como venezuelana e deputada da Assembleia Nacional;, completou a nota do TSJ.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.