Agência France-Presse
postado em 02/04/2014 12:33
Roma - A polícia italiana encontrou nesta quarta-feira um quadro de Gauguin e outro de Bonnard roubados em 1970, em Londres, e avaliados em milhões de dólares. Os quadros dos célebres pintores franceses adornaram por 40 anos a cozinha de um operário italiano da montadora Fiat, que os comprou em um leilão de objetos perdidos.
A obra de Gauguin está avaliada entre 15 e 35 milhões de euros. Com o título "Frutas na mesa ou natureza para o cachorrinho", o quadro, de 49 cm por 54 cm, foi pintado em 1889 por Paul Gauguin (1848-1903). O outro quadro é a pintura "A mulher com as duas poltronas", de Pierre Bonnard (1867-1947), apresentado em uma coletiva pelo ministro italiano da Cultura, Dario Franceschini.
Os quadros foram roubados em 1970 da residencia de uma rica família de Londres, Mark-Kennedy, cujos herdeiros têm o direito de reivindicar sua propriedade.
Segundo o ministro, a história da investigação que levou aos quadros é digna de um filme. Depois de roubados, foram esquecidos em um trem que viajava entre Paris e Turim. O pessoal da companhia ferroviária não se deu conta de seu valor e as obras acabaram leiloadas em 1975, em Turim.
Um operário da Fiat, apaixado por arte, os comprou por um valor irrisório, 45.000 liras italianas de então, atualmente 23 euros, e os pendurou em sua cozinha.
A história de como a polícia chegou a esta cozinha também é curiosa. Com fotos enviadas por especialistas à polícia e graças ao maior banco de dados do mundo de obras de arte roubadas, criado há 45 anos pela polícia italiana, os quadros - que não constavam do catálogo - foram descobertos a partir do cruzamento de catálogos oficiais, já que as obras apareciam nos de 1964, mas não nos anos a partir de então.
Dois artigos de junho de 1970 no New York Times e em um jornal de Cingapura nos quais o roubo era mencionado levantaram as suspeitas dos policiais italianos, que por anos levaram avante esta intrincada investigação.
Agora deve acontecer uma longa batalha judicial para estabelecer quem são os legítimos proprietários das obras, já que o operário siciliano as comprou de maneira legal.