Mundo

Campanha presidencial afegã termina com atentado talibã e seis mortos

Um "homem-bomba detonou os explosivos dentro de um edifício anexo, perto da entrada do ministério", matando seis policiais

Agência France-Presse
postado em 02/04/2014 13:19
Cabul - A campanha eleitoral afegã foi marcada nesta quarta-feira (2/4) por um atentado talibã, que causou a morte de seis policiais em frente ao ministério do Interior, no centro de Cabul, a três dias do primeiro turno presidencial.

O ataque aconteceu às 14h30 (7h no horário de Brasília), no momento em que os candidatos organizam os últimos comícios eleitorais após dois meses de uma campanha marcada por ataques quase diários dos rebeldes islamitas. Um "homem-bomba, que usava um uniforme militar, detonou os explosivos dentro de um edifício anexo, perto da entrada do ministério", matando seis policiais, declarou à AFP seu porta-voz, Sediq Sediqqi.

"Ouvimos uma grande explosão procedente do ministério do Interior, depois recebemos a ordem de buscar refúgio em uma sala protegida como um bunker", declarou à AFP um funcionário da embaixada da Índia, que fica próxima da sede do ministério.

"A explosão fez tremer a minha loja", contou Rahim Gul, um comerciante do bairro. O ataque foi reivindicado no Twitter pelos talibãs, que executam ações de guerrilha no Afeganistão desde que foram expulsos do poder em 2001 por uma coalizão militar internacional liderada pelos Estados Unidos.

O atentado contra um dos locais mais bem protegidos da capital aconteceu durante a campanha eleitoral e a apenas três dias do primeiro turno presidencial. A campanha eleitoral foi marcada por vários atos de violência dos talibãs, que ameaçaram atrapalhar o processo. Os rebeldes prometeram "perturbar" por todos os meios esta eleição, que eles não consideram legítima.

"Avalanche" de observadores afegãos
No sábado em Cabul, a sede da Comissão Eleitoral Independente (IEC), instância responsável por acompanhar as eleições, foi atacada por várias horas por um comando talibã.

A sede de uma ONG e o escritório de outra também foram atacadas durante a semana.

A eleição vai designar o sucessor de Hamid Karzai, o único presidente do país desde a queda dos talibãs e que, segundo a Constituição, não pode disputar um novo mandato.

A votação é considerada um teste sobre a estabilidade do Afeganistão e a solidez de suas instituições antes da retirada, até o fim do ano, das forças da Otan.

Entre os favoritos das eleições estão Zalmai Rasul, ex-ministro das Relações Exteriores, Ashraf Ghani, um economista de grande reputação, e Abdullah Abdullah, líder da oposição que ficou em segundo lugar na votação de 2009.

Nesta quarta-feira, o enviado especial da ONU em Cabul, Jan Kubis, disse que esta eleição foi "muito melhor preparada" do que a última, em 2009, uma eleição caótica marcada por fraudes maciças que levaram à reeleição contestada de Karzai.

Kubis declarou durante uma coletiva de imprensa que a presença de uma "avalanche" de observadores afegãos é um elemento positivo para a credibilidade da eleição, apesar da redução do número de observadores internacionais devido à violência.

Neste sentido, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, considerou "crucial" que a eleição de sábado no Afeganistão seja "crível, inclusiva e transparente".

"Em apenas três dias, o povo afegão expressará seu voto nas eleições presidencial e provincial. Trata-se de um momento-chave para o Afeganistão", declarou Rasmussen.

O secretário-geral reafirmou o "compromisso" da Otan no Afeganistão, mas repetiu que se Cabul não assinar o acordo de segurança bilateral com os Estados Unidos, "não haverá missão" para suceder a Isaf, cujo mandato expira no fim do ano.

A Otan continua a liderar a operação de treinamento das forças afegãs e continuará "a missão anti-terrorista" contra a Al-Qaeda.

Washington aguarda o sucessor do presidente afegão para assinar o acordo que prevê a manutenção de 10 mil soldados até o final de 2016 no Afeganistão.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação