Agência France-Presse
postado em 02/04/2014 14:18
Jerusalém - A Autoridade Palestina concretizou nesta quarta-feira o pedido de adesão a 15 agências das Nações Unidas, uma decisão que enfureceu Israel e levou o secretário americano de Estado, John Kerry, a cancelar uma viagem a Ramallah."Apresentei as cartas assinadas por Mahmud Abbas nesta manhã ao enviado especial da ONU, Robert Serry, e aos representantes de Holanda e Suíça", disse o ministro das Relações Exteriores palestino, Riyad al-Malki.
Os palestinos "seguem comprometidos com as negociações de paz" com Israel, acrescentou al-Malki, confirmando que apoiam os esforços americanos para salvar o processo de paz.
Nesta quarta-feira, um ministro israelense ameaçou os palestinos com represálias se persistirem em sua intenção de aderir às agências da ONU, em pleno bloqueio das negociações de paz patrocinadas por Washington.
Na terça-feira, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, anunciou que havia iniciado procedimentos para ingressar em 15 agências das Nações Unidas.
O anúncio foi feito depois que Israel não cumpriu o compromisso de libertar um grupo de 26 prisioneiros palestinos e anunciou uma licitação para a construção de 700 casas em Jerusalém Oriental.
Esta decisão israelense foi um golpe nos esforços de Kerry para resolver o litígio sobre a libertação dos presos e prolongar, assim, as frágeis negociações de paz para além da data limite de 29 de abril.
O anúncio de Abbas desencadeou uma resposta irada em Israel, onde um ministro da linha dura advertiu nesta quarta-feira que os palestinos pagarão caro.
"Se agora ameaçam (se unir às instituições da ONU) devem saber uma coisa: pagarão caro", declarou à rádio pública o ministro do Turismo, Uzi Landau.
"Uma das possíveis medidas seria que Israel aplicasse sua soberania em setores que formarão parte claramente do Estado de Israel no âmbito de uma solução futura", ameaçou Landau, membro do partido ultranacionalista Israel Beitenu.
Palestinos estendem a mão para Kerry
O anúncio de Abbas surpreendeu Kerry, que acabava de completar uma visita relâmpago a Israel para sugerir ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, uma solução ao problema dos prisioneiros e prolongar o processo de paz até 2015, informou uma fonte próxima.
Nesta quarta-feira, um líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) declarou que esperava que Washington seguisse se esforçando para salvar o processo de paz. "Nós esperamos que Kerry retome seus esforços nos próximos dias", disse Yasser Abed Rabo aos jornalistas em Ramallah.
"Kerry conhece a realidade. Nós não queremos que estes esforços terminem", insistiu. Segundo os termos de um acordo que permitiu a retomada das negociações de paz em julho de 2013, o Estado hebreu se comprometeu a libertar 104 veteranos prisioneiros palestinos em quatro etapas, a última delas prevista para 29 de março.
Em troca, as autoridades de Ramallah haviam prometido congelar todas as iniciativas para tentar aderir às organizações das Nações Unidas. No entanto, no último fim de semana explodiu uma crise quando Israel se negou a libertar os 26 presos da última fase, enfurecendo os palestinos.
Em Bruxelas, Kerry afirmou que não voltaria nesta quarta-feira à região, como havia previsto, mas evitou opinar, pedindo moderação às duas partes.