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Três atentados no Cairo matam chefe de polícia e deixam cinco feridos

Os atentados contra a Polícia e as Forças Armadas se multiplicaram desde que o governo interino começou a reprimir com violência qualquer manifestação favorável a Mursi

Agência France-Presse
postado em 02/04/2014 18:44
Três bombas explodiram nesta quarta-feira (2/4)no Cairo, matando um general da polícia e deixando cinco feridos, enquanto os ataques se intensificam no país depois da destituição do presidente islâmico Mohamed Mursi, em julho, e da repressão aos seus seguidores.

O atentado foi reivindicado por um pequeno grupo jihadista, o Ajnad Misr, que afirmou ter agido em reação a uma "campanha de prisões de mulheres e crianças", sem entrar em detalhes.

Dois artefatos explosivos foram detonados quase que simultaneamente no início da tarde perto de postos policiais diante da Universidade do Cairo, reduto da contestação islamita ao governo instaurado pelos militares depois da prisão de Mursi.

Uma delas causou a morte do general de brigada Tarek al-Mergawi, da Polícia Judiciária do Cairo, e feriu outras cinco pessoas, segundo o Ministério do Interior.

Um outro general, Abdel Rauf al-Serafi, assessor do ministro do Interior, está entre os feridos, além de dois coronéis e de um tenente-coronel, indicaram à AFP autoridades dos serviços de segurança que pediram para não ser identificadas.



Uma terceira bomba explodiu duas horas depois, sem deixar vítimas, em um parque diante da entrada do campus onde policiais e jornalistas estavam reunidos depois das primeiras explosões.

Uma quarta bomba foi encontrada pela polícia, e desativada, em um carro estacionado perto da universidade, indicaram autoridades de segurança e a televisão estatal.

- Repressão e represálias -

Os atentados ocorrem alguns dias depois de o ex-chefe das Forças Armadas, responsável pela destituição de Mohamed Mursi, marechal Abdel Fattah al-Sissi, ter confirmado sua candidatura à eleição presidencial de 26 e 27 de maio.

Especialistas consideram que os atentados devem se intensificar com a proximidade do processo eleitoral no Egito.

Washington ressaltou que "este tipo de terrorismo não é aceitável, em nenhuma circunstância". Os atentados contra a Polícia e as Forças Armadas se multiplicaram desde que o governo interino começou a reprimir com violência qualquer manifestação favorável a Mursi.

Mais de 1.400 manifestantes foram mortos, segundo a Anistia Internacional, e cerca de de 15.000, presos, incluindo quase todos os líderes da Irmandade Muçulmana, o influente movimento islâmico do presidente deposto. Muitos desses presos podem ser condenados à pena de morte, entre eles o próprio Mursi.

Em represália, vários atentados tendo como alvo as forças de segurança foram reivindicados por grupos insurgentes, principalmente o Ansar Beit al-Maqdess, um movimento com sede no Sinai e inspirado na Al-Qaeda, que considera os integrantes do Ajnad Misr seus "irmãos".

O governo considera que a Irmandade Muçulmana está por trás dos atos terroristas e indica que 252 policiais, 187 soldados e 57 civis foram mortos desde 3 de julho, dia da queda de Mursi.

Em um comunicado, a Irmandade Muçulmana condenou os atentados desta quarta e pediu uma investigação, fazendo um apelo para que a população "não faça acusações sem provas". Eles afirmaram que manterão "sua marcha pacífica para atingir os objetivos de (sua) legítima revolução". Sissi prometeu "erradicar o terrorismo" do país.

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