Agência France-Presse
postado em 03/04/2014 19:12
Washington - Os Estados Unidos admitiram nesta quinta-feira que implementaram um projeto de rede social alternativa em Cuba, utilizando telefones celulares, mas negaram que se trate de um programa secreto, ou de Inteligência.Leia mais notícias em Mundo
O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse que "foi um programa de desenvolvimento adotado pela USAID. E esse programa foi concluído em 2012. Como sabem, a USAID não é uma agência de Inteligência. Sugestões de que se tratava de um programa secreto são erradas".
"Não era um programa de Inteligência", repetiu Carney, admitindo desconhecer, porém, os detalhes técnicos de como o projeto funcionava.
A existência desse programa foi revelada hoje pela agência de notícias americana Associated Press (AP), que destacou o caráter "classificado" da operação. Segundo a agência, eventualmente, a operação seria usada para divulgar conteúdo político contra o governo cubano.
[SAIBAMAIS]A ideia, disse o porta-voz da Casa Branca, era "promover o livre fluxo de informação, promover a participação de cidadãos, especialmente em sociedades que não são tolerantes".
Os fundos usados nesse programa, chamado "Zunzuneo", acrescentou Carney, "foram debatidos no Congresso", e o Escritório de Auditoria Interna do governo americano "revisou o programa em 2013 e chegou à conclusão de que foi aplicado de acordo com as leis" americanas.
Em nota, a USAID, agência americana responsável pelos programas de desenvolvimento em vários países, manifestou sua satisfação de ajudar a que "a informação flua mais livremente para os cubanos".
"Não é um segredo que, em ambientes hostis, os governos tomam medidas para proteger seus sócios no terreno", completou a USAID.
A agência explicou que, na fase inicial, a rede enviava informações sobre tecnologia e resultados esportivos. "Mais tarde, os cubanos podiam se comunicar entre eles, e estamos orgulhosos disso", acrescentou a nota.
Segundo Carney, embora o programa não fosse sigiloso, era necessário manter uma "discrição apropriada", porque "um programa como esse e a associação com o governo dos Estados Unidos podem criar problemas para os associados e para o público".
A implementação do programa coincidiu com a detenção, em 2009, em Cuba, do funcionário americano terceirizado Alan Gross, hoje o principal obstáculo nas relações entre Washington e Havana.