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Israel planeja sanções aos palestinos por ofensiva diplomática

O secretário de Estado americano, John Kerry pediu a Mahmud Abbas que renuncie às demandas de adesão

Agência France-Presse
postado em 04/04/2014 11:13
Israel pretende punir os palestinos pela decisão de aderir a instâncias internacionais, segundo a imprensa do país, o que ameaça prejudicar ainda mais o complicado processo de paz mediado pelos Estados Unidos.
O secretário de Estado americano, John Kerry, advertiu que vai avaliar com o presidente Barack Obama as próximas etapas das negociações de paz e disse que chegou a hora de "fazer um balanço".

As autoridades israelenses estão irritadas com a decisão do presidente palestino Mahmud Abbas de aderir a 15 convenções e tratados internacionais. O pedido de adesão foi anunciado depois que Israel se negou a libertar um último contingente de prisioneiros em 29 de março, estipulado na iniciativa de paz promovida por Kerry. Abbas defendeu a decisão em uma conversa telefônica na quinta-feira à noite com Kerry.

[SAIBAMAIS]Segundo uma fonte palestina, o secretário de Estado pediu a Abbas que renuncie às demandas de adesão, mas o presidente "afirmou que não recuaria na assinatura de acordos internacionais", começando pelas Convenções de Genebra sobre proteção de civis, rubricadas na terça-feira e enviadas à ONU, Suíça e Holanda, países avalistas dos textos. Kerry advertiu sobre as ameaças israelenses, mas Abbas respondeu que esta "já não provocam medo em ninguém", segundo a fonte palestina.

Em reação às demandas palestinas, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa, Moshe Yaalon, pediram na quarta-feira ao comandante militar para os territórios palestinos, general Yoav Mordechai, que apresente medidas para castigar os palestinos, afirma o jornal Haaretz. Segundo uma fonte do governo citada pelo Haaretz, as autoridades israelenses pretendem suspender a autorização concedida à operadora de telefonia móvel palestina Wataniya para que desenvolva a rede de infraestruturas na Faixa de Gaza.



Também pretendem restringir as atividades dos palestinos na zona C da Cisjordânia ocupada, onde existem colônias e onde Israel exerce um controle civil e militar pleno, destaca a imprensa. Israel planeja ainda um novo bloqueio da transferência dos impostos cobrados por Israel mas correspondentes à Autoridade Palestina, liderada por Mahmud Abbas. Esta sanção foi adotada em dezembro de 2012, depois que ONU concedeu o status de Estado membro observador a Palestina.

Em um gesto interpretado como uma represália, o ministério israelense do Interior anunciou a aprovação de um polêmico projeto de construção de um museu arqueológico no bairro palestino de Silwan, em Jerusalém Oriental anexada. Depois de nove meses de esforços, Kerry admitiu na quinta-feira que as negociações de paz atravessam "um momento crítico" e pediu às duas partes um "compromisso decisivo para poder avançar".

Apesar da crise, o jornal Yediot Aharonot afirma que os líderes israelenses não descartam a possibilidade de superar os obstáculos antes de 29 de abril, data limita das atuais negociações. Mas para Yaser Abed Rabo, dirigente da Organização para Libertação da Palestina (OLP), é necessário "mudar radicalmente" as condições de qualquer negociação futura. Abed Rabo denunciou uma "política constante de chantagem e pressões" de Israel.

Kerry afirmou nesta sexta-feira que vai analisar com o presidente Barack Obama as próximas etapas da negociação, mas advertiu os dois lados que o tempo de Washington para a questão "tem limites". Para o líder da oposição israelense, o trabalhista Yitzhak Herzog, o comportamento das duas partes é próprio de "um jardim de infância" e alertou que seria perigoso um desinteresse dos Estados Unidos pelo processo de paz. Na madrugada desta sexta-feira, o exército israelense respondeu com cinco ataques aéreos em Gaza ao lançamento de vários foguetes a partir deste território, que caíram no sul de Israel e não provocaram vítimas. As ações na área palestina também não deixaram vítimas.

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