Agência France-Presse
postado em 06/04/2014 13:11
Londres - O vice-primeiro-ministro norte-irlandês Martin McGuinness, ex-líder do IRA e ex-inimigo público número 1, participará na terça-feira de um jantar de Estado no Palácio de Windsor com a rainha Elizabeth II, algo inimaginável há alguns anos.McGuinness, negociador durante o processo de paz na Irlanda do Norte, comparecerá ao jantar organizado em ocasião da visita de Estado do presidente irlandês, Michael Higgins, a primeira de um chefe de Estado da República da Irlanda à Grã-Bretanha. A rainha visitou em 2011 a Irlanda e se tornou a primeira soberana britânica a realizar a viagem desde a independência do país, em 1922.
[SAIBAMAIS]A visita de Higgins, que começa na terça-feira, representará um novo avanço simbólico nas relações entre os dois Estados. Higgins já viajou várias vezes à Grã-Bretanha desde que assumiu suas funções, em 2011, mas nunca no âmbito de uma visita de Estado.
O convite de McGuinness para participar do banquete real é, sem dúvida, ainda mais espetacular. Este católico de 63 anos, durante um tempo considerado o "inimigo mais perigoso da Coroa" pela imprensa britânica, havia se negado a ocupar seu assento no Parlamento de Westminster justamente para não ter que prestar juramento de lealdade à rainha.
Na liderança do IRA, lutou contra a dominação britânica durante os 30 anos de distúrbios na Irlanda do Norte. Era um de seus líderes de mais alto escalão quando a organização paramilitar matou em 1979 Luis Mountbatten, o tio materno do príncipe Philip e último vice-rei da Índia britânica.
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Mas também foi um dos principais artífices do processo que levou o movimento clandestino a depor as armas e um dos principais negociadores do acordo de paz da Sexta-Feira Santa de 1998. Isso o levou a se tornar vice-primeiro-ministro na Irlanda do Norte em um governo de união com seus antigos inimigos protestantes do Partido Unionista Democrata.
A rainha se encontrou com McGuinness pela primeira vez durante uma visita a um teatro de Belfast em junho de 2012. Na ocasião, apertaram as mãos diante das câmeras. Neste domingo, McGuinness prestou homenagem ao "papel determinante" que a rainha "desempenhou e segue desempenhando no processo de reconciliação".