Agência France-Presse
postado em 07/04/2014 10:05
O opositor venezuelano Leopoldo López, acusado de incitar a violência, convocou a partir da prisão uma mobilização geral contra o governo de Nicolás Maduro, em uma carta publicada nesta segunda-feira (7/4) pelo jornal espanhol El País. "Sair desta crise que afundou a Venezuela na penumbra depende de todos; de que cada um, onde nos cabe, demonstre que está disposto a lutar", afirmou López, de 42 anos, em uma carta enviada a partir da prisão militar de Ramo Verde.López, economista formado em Harvard e presidente da Vontade Popular, ala radical da opositora coalizão Mesa da Unidade Democrática, convocou seus seguidores a "demonstrar quantos somos os que desejamos uma mudança" para contagiar "todos os que estão descontentes".
"A escassez, a inflação, a crise de saúde, a insegurança, a falta de liberdade e respeito aos direitos humanos limitando a liberdade de expressão, afetam a todos nós por igual", afirmou. O líder radical, que no dia 18 de fevereiro se entregou voluntariamente à justiça venezuelana, foi acusado na sexta-feira pela promotoria de "instigação pública, danos à propriedade, incêndio em grau de determinador (autor intelectual) e formação de quadrilha".
No mesmo dia, 3.000 opositores exigiram em Caracas sua libertação, marcando dois meses de protestos que deixaram 39 mortos e mais de 600 feridos. Cerca de 200 pessoas também estão sob processo judicial, entre elas López e dois prefeitos. Outra líder radical opositora, María Corina Machado, foi destituída como deputada pela Assembleia Nacional e pelo Supremo Tribunal de Justiça.
Afirmando sua "certeza de ter feito o correto", López garantiu não se arrepender de ter lançado uma "faísca que acendeu nos venezuelanos este desejo tão latente de conquistar uma mudança social e política". "O fato de minha prisão estar contribuindo em alguma medida para o despertar os venezuelanos vale a pena", ressaltou.