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Irã e grandes potências retomam negociações sobre programa nuclear iraniano

Essa é terceira rodada de negociações desde que Teerã aceitou, em novembro passado, congelar uma parte das atividades atômicas

Agência France-Presse
postado em 08/04/2014 10:53
Viena - O Irã e as grandes potências retomaram nesta terça-feira (8/4), em Viena, sua maratona diplomática para tentar alcançar um acordo sobre o polêmico programa nuclear iraniano. Trata-se da terceira rodada de negociações desde que Teerã aceitou, em novembro passado, congelar uma parte de suas atividades atômicas em troca da suspensão de sanções que sufocam sua economia.

Chefe de política externa da União Europeia, Catherine Ashton e o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, durante negociações em Viena
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, e a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, que dirige a delegação dos países "5%2b1" (Alemanha, China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) abriram a reunião. Os países "5%2b1" e a República islâmica esperam avanços suficientes que permitam iniciar em maio a redação de um acordo que suprima toda as sanções contra o Irã em troca de garantias do caráter pacífico de seu programa nuclear.

No entanto, será preciso fazer importantes concessões para conciliar os pontos de vista do Irã, que defend seu direito de desenvolver tecnologia nuclear de uso civil, e as grandes potências, que suspeitam que o Irã tenta desenvolver armas atômicas. As duas partes parecem ter realizado progressos nas discussões sobre uma possível cooperação nuclear civil. Há várias propostas sobre o tema, principalmente no que diz respeito aos reatores nucleares de água leve, aos novos combustíveis e às aplicações da energia nuclear na indústria agrícola.

Um dos pontos mais delicados é o programa iraniano de enriquecimento de urânio. De concreto, as duas partes devem chegar a um acordo sobre o número e o tipo de centrifugadoras (usada para enriquecer urânio) que o Irã pode utilizar. As discussões também se centrarão no reator de água pesada de Arak. Esta instalação, ainda em construção, utiliza a filial de plutônio, que também serve para fabricar uma bomba nuclear.



O Irã quer conservar o reator de Arak para a produção de isótopos médicos, mas está disposto a estudar medidas para dissipar preocupações. "Estamos trabalhando para superar as brechas que existem para ver se podemos encontrar uma boa combinação", explicou antes da reunião uma diplomata americana que participa nas negociações.

A conclusão de um acordo permitiria por fim ao isolamento econômico do Irã. Os dirigentes iranianos admitiram em 20 de março passado, dia do Ano Novo segundo o calendário persa, que melhorar a situação econômica do país é uma prioridade. O presidente Barack Obama convidou o Irã, nesse mesmo dia, a chegar a um acordo nuclear que permita "uma nova prosperidade para o povo iraniano".

Um exemplo concreto das mudanças possíveis: os Estados Unidos autorizaram a Boeing a vender ao Irã peças de aviões que Teerã necessita desesperadamente. O desafio é grande para Obama, que deve convencer seus aliados israelenses e sauditas, que desconfiam do Irã, do interesse deste acordo com Teerã. Do lado iraniano, a equipe de negociadores está sob a rígida supervisão do Guia Supremo, o conservador aiatolá Ali Khamenei.

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