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Indonésia faz eleições legislativas cruciais para as presidenciais

Somente os partidos que obtiverem mais de 20% dos 560 assentos do Parlamento, ou 25% dos votos, poderão apresentar um candidato à presidência nas eleições de 9 de julho,

Agência France-Presse
postado em 08/04/2014 14:38
Jacarta - A Indonésia realizará nesta quarta-feira (9/4) eleições legislativas decisivas, que podem lançar à presidência o governador de Jacarta, muito popular entre os pobres, e por fim a um elite política há décadas no poder.

Somente os partidos que obtiverem mais de 20% dos 560 assentos do Parlamento, ou 25% dos votos, poderão apresentar um candidato à presidência nas eleições de 9 de julho, para governar o país muçulmano mais populoso do planeta, com 250 milhões de habitantes.

O Partido Democrático Indonésio da Luta (PDI-P), a principal organização da oposição, deve alcançar essa cifra, e lançar o governador de Jacarta, Joko Widodo, líder nas pesquisas.

Já o Partido Democrático, do presidente Susilo Bambang Yudhoyono, marcado por escândalos de corrupção, deve sofrer uma grande derrota. Cerca de 186 milhões de eleitores vão escolher entre 230.000 candidatos, nas 17.000 ilhas do arquipélago.

Será a quarta vez que as legislativas serão realizadas desde 1998, quando terminou a ditadura de Suharto, depois de três décadas. O resultado será divulgado somente em maio.

Os partidos geralmente não alcançam o percentual necessário de votos, e se veem obrigados a formar coalizões para participar do pleito presidencial. Mas Widodo é popular por sua simplicidade e por suas visitas aos subúrbios do país, contrastando com a cultura militar e dos grandes empresários da era de Suharto.

Desde de que foi eleito governador de Jacarta, em 2012, "Jokowi" - como é chamado por seus apoiadores - virou uma espécie de porta-voz dos trabalhadores frente à elite corrupta.

"Jokowi representa uma nova geração de dirigente na Indonésia. Espero que possa mudar o país", afirma Andi Gani Nena Wea, líder do sindicato KSPSI.

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No entanto, alguns podem por em dúvida a capacidade para presidir o país de um governador que está somente há um ano no cargo, e que não anunciou seu programa social e econômico para o país.

"Simbolicamente, sua eleição seria uma ruptura, mas sou mais cético quanto ao conteúdo de seu programa", declara Jeffrey Winters, professor na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos.

O adversário direto de Widodo, muito atrás nas pesquisas, é Prabowo Subianto, ex-oficial das Forças Especiais, acusado de violações dos direitos humanos.

Corrupção e intolerância religiosa

A tarefa do futuro presidente da Indonésia, terceira maior democracia do mundo, será enorme. Será preciso fazer frente à desaceleração econômica, à corrupção endêmica e ao aumento da intolerância religiosa.

A campanha, entretanto, pouco tem tratado dos grandes temas, concentrando-se nas práticas de alguns dos candidatos, que distribuíram dinheiro, comida e presentes entre os eleitores.

Os doze partidos se dividem entre dois grupos principais: os nacionalistas laicos (entre eles o PDI-P e o Partido Democrático) e os nacionalistas islâmicos.

Segundo os cientistas políticos, as cinco agremiações muçulmanas - entre as quais algumas pregam a instauração da lei islâmica - terão maus resultados, dado a desconfiança dos eleitores em relação às suas posições.

O Golkar, partido do ex-presidente Suharto, provavelmente continuará sendo a segunda força política do país, seguido do Gerindra, liderado por Subianto, e do Partido Democrático.

As autoridades temem distúrbios na província de Aceh, uma região autônoma desde 2005, depois de anos de ação de uma guerrilha separatista, que ficou marcada pela violência durante a campanha.

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