Agência France-Presse
postado em 08/04/2014 19:22
Madri - Os deputados espanhóis disseram "não" nesta terça-feira (8/4) ao projeto de referendo sobre a independência da Cataluña, que o governo catalão pretendia organizar no dia 9 de novembro de 2014.Após um debate de quase sete horas, os legisladores rejeitaram o projeto por 299 votos contra 47 e uma abstenção. A medida transferia ao Parlamento regional catalão a competência de organizar consultas vinculantes.
A rejeição à iniciativa uniu os conservadores do PP - do chefe de governo espanhol Mariano Rajoy - aos socialistas do PSOE e a alguns partidos menores.
"Não concebo a Espanha sem a Cataluña ou a Cataluña fora da Espanha ou da Europa", disse Rajoy, explicando sua negativa de permitir o referendo, que considera inconstitucional.
Em um veemente discurso, Rajoy se dirigiu "muito especialmente aos cidadãos da Cataluña", a grande região do nordeste do país, orgulhosa de sua língua e de sua cultura, onde há anos cresce o sentimento separatista atiçado pela crise econômica.
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"Nos os escutamos e os entendemos muito bem", destacou Rajoy, reafirmando sua "disposição ao diálogo sempre (...) sobre questões que a Constituição nos permita dialogar", o que não é o caso do referendo.
A deputada Marta Rovira, do partido separatista ERC, deixou claro que os partidos separatistas - majoritários no Parlamento catalão - estão dispostos a seguir em frente com o referendo. "Não vamos nos render, isto não acaba aqui".
"Tenham certeza de que chegou a hora de a Cataluña votar e decidir seu futuro", disse o deputado Jordi Turull - da coalizão nacionalista CiU, que governa a região - ao abrir o debate.
O referendo programado para 9 de novembro pretendia fazer as seguintes perguntas: "Você quer que a Cataluña seja um Estado?" "Quer que seja um Estado independente?".
A Assembleia Nacional Catalã, um poderoso grupo de pressão separatista, já marcou para 23 de abril de 2015, dia de São Jordi, padroeiro da região, a secessão unilateral da Cataluña.
Situada na fronteira com a França e aberta ao Mediterrâneo, a Cataluña - outrora motor econômico da Espanha - e hoje uma das regiões mais endividadas do país. O governo regional exige maior autonomia fiscal e acusa Madri de não redistribuir a riqueza de forma equitativa.