Teerã - O Irã se negou neste sábado a escolher outro embaixador nas Nações Unidas, depois dos Estados Unidos recusarem o visto de Hamid Abutalebi, por seu suposto papel no sequestro de reféns na embaixada americana em Teerã em 1979. A revolução de 1979 derrubou o regime do Xá Mohamad Reza Pahlavi, aliado de Washington, e motivou a ruptura na relação entre os dois países.
[SAIBAMAIS]No entanto, esse novo incidente ocorre em um momento de aproximação, que começou ano passado, depois da eleição do presidente iraniano Hasan Rohani. As grandes potências negociam com o Irã o seu programa nuclear, que levanta suspeitas de ter como finalidade a construção de uma bomba atômica. Os dois lados chegaram a um acordo preliminar em novembro, em Genebra.
Na sexta-feira, os Estados Unidos anunciaram que não iam autorizar o visto do novo embaixador iraniano na ONU, Hamid Abutalebi. "Informamos às Nações Unidas e ao Irã que não daremos o visto ao senhor Abutalebi", declarou Jay Carney, porta-voz da Casa Branca. O Senado americana já havia demonstrado sua oposição a nomeação em dia 7 de abril.
Nesse sábado, Teerã não aceitou designar outra pessoa. "Não vamos apresentar uma alternativa", afirmou o vice-ministro de Relações Exteriores, Abas Araqchi, à agência Mehr, explicando que seu país iria agir "com os mecanismo legais da ONU".
Em teoria, os Estados Unidos são obrigados a fornecer vistos a todos os diplomatas da ONU, sediada em Nova York, e nunca negaram uma autorização antes. O Irã, entretanto, já trocou um candidato a embaixador em 1990.
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Hamid Abutalebi, classificado pelo chanceler Mohamad Javad Zarif como "um de nossos diplomatas mais experientes e racionais", garante que não participou dos eventos de 1979, quando estudantes iraniano ocuparam a embaixada americana na capital. Abutalebi só admite ter trabalhado como intérprete, para ajudar a libertar quem estava preso na embaixada.
O diplomata já ocupou cargos nas representações do país na Austrália, na Bélgica e na Itália, e é considerado próximo dos setores reformistas de seu país, incluindo do presidente Rohani.
O senador democrata americano, Charles Schumer, elogiou a atitude do governo. Sua "nomeação teria sido um golpe em todos os americanos vítimas de terrorismo, e não só nos reféns de 1979", declarou. Enquanto isso, Carney avaliou que não há razão para esse incidente ter o menor impacto nas negociações sobre o programa nuclear iraniano.