Agência France-Presse
postado em 13/04/2014 21:40
Buenos Aires - Ernesto Laclau, professor argentino da universidade britânica de Essex, que inspirou a presidente Cristina Kirchner, morreu neste domingo, aos 78 anos, na Espanha, anunciaram em Buenos Aires fontes diplomáticas. Laclau foi autor de "A Razão Populista", entre outras obras que destacam os processos populares iniciados na América Latina após as ditaduras das décadas de 1970-80.Filósofo e especialista em ciências políticas, ele afirmava que, quando as massas se incorporam à arena política, surgem "formas de liderança não ortodoxas do ponto de vista liberal democrático".
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"Longe de ser um obstáculo, esta liderança garante a democracia, evitando que a mesma se converta em mera administração", dizia o pensador, formado em História pela Universidade de Buenos Aires (UBA).
Laclau emigrou para Londres em 1969, fugindo da censura da ditadura, liderada, então, pelo general Juan Carlos Onganía. Fez doutorado em filosofia política na Universidade de Oxford, com o apoio do historiador renomado Eric Hobsbawm.
"Ele foi um dos últimos grandes teóricos do pensamento latino-americano e emancipatório. Sua história acadêmica comprometida com seus anos na Inglaterra o tornou uma das referências internacionais da esquerda e do pós-marxismo", disse à agência estatal Télam o filósofo Ricardo Forster.
Forster é um dos membros ativos da Carta Abierta, organização de intelectuais kirchneristas à qual Laclau também pertencia.
Laclau estava na cidade espanhola de Sevilha para um seminário, acompanhado da mulher, a acadêmica belga Chantal Mouffe, quando apresentou uma insuficiência funcional no hotel em que se hospedava.
Nos anos 1960 e 1970, Laclau se integrou a movimentos de pensadores que se autodenominavam "da esquerda nacional" para se diferenciarem daqueles vinculados ao marxismo ortodoxo.