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Chile combate o incêndio mais grave da história de Valparaíso

Apesar dos fortes ventos na região, as autoridades tinham a esperança de controlar o fogo nas próximas 48 a 72 horas

Agência France-Presse
postado em 14/04/2014 07:19
Apesar dos fortes ventos na região, as autoridades tinham a esperança de controlar o fogo nas próximas 48 a 72 horas
Valparaíso - Treze helicópteros, sete aviões e 2 mil militares e policiais lutavam nesta segunda-feira (14/4) para controlar os focos do mais grave incêndio da história da cidade chilena de Valparaíso, que matou 12 pessoas. "O incêndio não está controlado. No entanto, diminuiu muito sua intensidade", explicou à imprensa local o diretor da Secretaria Nacional de Emergência (Onemi) em Valparaíso, Guillermo de la Maza.

Durante a madrugada desta segunda-feira, os focos de incêndio que voltaram a arder com força no domingo queimaram mais 250 casas, informou o ministro do Interior, Rodrigo Peñailillo.

Ao contrário de domingo, quando o vento e as altas temperaturas ajudaram a propagar o fogo, para esta segunda-feira as autoridades esperavam temperaturas mais baixas e mais umidade, elementos que podem ajudar no controle do incêndio.

[SAIBAMAIS]A presidente Michelle Bachelet suspendeu uma viagem prevista para a Argentina e se reuniu nesta segunda com os ministros do comitê de emergências. As autoridades esperam controlar o fogo entre 48 e 72 horas. Depois pretendem investigar a origem das chamas, avaliar os danos e estabelecer as tarefas de reconstrução. "O quadro é desolador", afirmou o porta-voz do governo, Álvaro Elizalde, que também anunciou a chegada de aviões argentinos para cobrir zonas desprotegidas.

Segundo o registro oficial mais recente, o incêndio destruiu completamente 2.000 casas. Também deixou 8.000 desabrigados e 10.000 deslocados. De acordo com as autoridades, 1.200 pessoas dormiram pela segunda noite seguida em abrigos. Das 12 pessoas mortas, algumas não conseguiram sair a tempo de suas casas, como um casal de idosos que se negou a deixar a residência. Os dois foram encontrados carbonizados, abraçados na cama, afirmaram vizinhos à imprensa local.



O incêndio, iniciado na tarde de sábado, queimou 850 hectares até o momento. Ele tem um perímetro de 22 quilômetros e quase seis quilômetros de comprimento, segundo a Corporação Nacional Florestal (Conaf). As chamas afetaram uma área onde muitas pessoas vivem em casas de madeira e feitas de outros materiais frágeis, algumas sem licença de construção.

A região do porto de Valparaíso, declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2003, permanecia a salvo das chamas.

Bombeiros lutam para combater incêndio no Chile
Perda total

Na escola Grecia, um dos oito abrigos para os atingidos, Carlos Gaona disse ter dormido pouco, "por causa das sirenes dos bombeiros e das pessoas que continuam chegando".

"Perdemos tudo. Somos uma família de sete pessoas, e a primeira noite no abrigo foi triste. Principalmente para as crianças que nunca tinham passado por isso, mas nos trataram bem", declarou Ericka Cáceres à AFP .

Muitas pessoas perderam todos os seus pertences no incêndio, devido à rápida propagação e à complexa geografia da região. Além disso, também contribuiu para a tragédia o acúmulo de lixo no topo das colinas, onde começou o fogo.

Os chilenos se mobilizaram pelas vítimas de Valparaíso.

Os moradores da cidade que não foram atingidos ajudaram os necessitados, distribuindo água, comida e roupas.

Também foram organizadas nesta segunda partidas de futebol beneficentes e campanhas para cuidar dos animais feridos. O Twitter ficou cheio de mensagens de apoio, com a hashtag #FuerzaValpo.

Dupla reconstrução

No domingo, foi declarado estado de catástrofe, medida de exceção que permite que as Forças Armadas assumam a segurança, que será mantida pelo tempo que for necessário, de acordo com o governo.

Em relação aos 8.000 desabrigados, estão sendo estudadas as possibilidades de se construir casas de emergência e oferecer ajuda financeira e psicológica.

O governo se comprometeu também a seguir "trabalhando simultaneamente na ajuda e no plano de reconstrução no norte", mais precisamente na região de Tarapacá, atingida por um terremoto de 8,2 de magnitude há duas semanas.

Apesar das tragédias, Bachelet pretende manter o cumprimento das 50 medidas anunciadas para seus 100 primeiros dias de governo. Entre elas, está o pontapé inicial a seu ambicioso programa de reformas, na educação, na área tributária e na Constituição.

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