Agência France-Presse
postado em 15/04/2014 18:10
Os Estados Unidos confirmaram, nesta terça-feira (15/4), que não concederão um visto para o representante escolhido pelo Irã para a ONU, Hamid Abutalebi, por causa de seu "papel" na crise dos reféns na embaixada de Washington em Teerã, em 1979."Levando-se em conta seu papel nos eventos de 1979... seria inaceitável lhe conceder o visto", disse a porta-voz do Departamento de Estado americano, Jen Psaki, aos jornalistas.
[SAIBAMAIS]No sábado, o Irã disse que se negaria a escolher outro embaixador para a ONU, depois que Washington rejeitou aprovar o visto para Hamid Abutalebi por seu suposto papel na tomada de reféns da embaixada americana em Teerã há mais de três décadas.
A Revolução de 1979, que derrubou o regime do xá Mohamad Reza Pahlavi, um aliado de Washington, motivou a ruptura das relações entre Irã e Estados Unidos. Esse novo incidente acontece no momento em que as relações entre ambos os países melhoraram desde o ano passado, após a eleição do presidente iraniano, o moderado Hassan Rohani.
Na última sexta, 11 de abril, os Estados Unidos já haviam indicado que não concederiam visto a Abutalebi. A princípio, os Estados Unidos são obrigados a conceder vistos aos diplomatas que trabalham na Organização das Nações Unidas, que tem sua base em Nova York. O Departamento de Estado americano sempre se reservou o direito, porém, de contemplar "exceções" em "determinadas circunstâncias".
Até hoje, os EUA nunca negaram visto a um embaixador na ONU, embora o Irã já tenha tido de retirar seu candidato em 1990.
Abutalebi, que já ocupou cargos nas representações do Irã na Austrália, na Itália e na Bélgica, é considerado ligado aos setores reformistas de seu país e ao presidente Rohani. Segundo o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, Abutalebi é um dos diplomatas mais "experientes e racionais" do país.
O diplomata negou reiteradamente sua participação na tomada de reféns em novembro de 1979, quando estudantes que haviam derrubado o Xá, favorável às potências ocidentais, ocuparam a embaixada dos EUA.
Ele alega que atuava como tradutor quando os estudantes, pouco depois da invasão à embaixada, libertaram 13 mulheres e afro-americanos. Os outros 52 reféns permaneceram retidos por 444 dias.