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Kiev lança ofensiva contra insurgentes pró-russos no leste do país

Agência France-Presse
postado em 15/04/2014 21:58
Kiev - A Ucrânia enviou nesta terça-feira as Forças Armadas e a Guarda Nacional para o leste do país com o objetivo de deter os separatistas pró-Rússia, em uma ofensiva "sob medida", segundo Washington, e que coloca este país "à beira da guerra civil", de acordo com Moscou.

Uma coluna de blindados e integrantes das forças especiais ucranianas seguiu para Slaviansk, cidade do leste da Ucrânia controlada desde sábado por grupos armados pró-russos.

Essa cidade de 120.000 habitantes se tornou símbolo da última série de insurreições pró-russas que se tornaram uma grande ameaça para a Ucrânia e seus 46 milhões de habitantes.

Além disso, tropas ucranianas foram transportadas para o aeródromo militar de Kramatorsk, 15 km ao sul de Slaviansk.

Esta ofensiva deve aumentar ainda mais a tensão com a vizinha Rússia, que mobilizou, segundo a Otan, 40.000 homens na fronteira entre os dois países e advertiu para que as autoridades pró-europeias de Kiev não ataquem os insurgentes.

Neste sentido, o presidente russo, Vladimir Putin, pediu a ONU uma "condenação clara" das ações "inconstitucionais" de Kiev e declarou que a Ucrânia "está à beira da guerra civil".

Segundo Putin, "a escalada brutal do conflito deixou o país à beira de uma guerra civil". O presidente afirmou ainda que tal escalada "é consequência das políticas irresponsáveis de Kiev, que tem ignorado os direitos e interesses jurídicos da população russófona" da Ucrânia.

Em contrapartida, a Casa Branca ressaltou nesta terça que a Ucrânia enfrenta uma situação "insustentável" frente a uma série de levantes pró-russos em várias cidades do leste do país e elogiou a resposta "sob medida" das tropas ucranianas.

O porta-voz americano Jay Carney pediu cautela, mas destacou que o governo de Kiev tem a responsabilidade de manter a lei e a ordem.

"Os separatistas pró-russos que não depuserem suas armas serão liquidados", declarou o general Vassyl Krutov, um dos chefes dos Serviços Especiais Ucranianos (SBU), que lidera a "operação antiterrorista" lançada pelo governo de Kiev.

Inimigo difícil

Segundo o general Krutov, os homens não identificados que tomaram prédios públicos e delegacias em várias cidades do leste pertencem às "tropas especiais do GRU (inteligência militar russa), que têm uma grande experiência em conflitos".

Do lado ucraniano, dez veículos blindados, além de sete carros transportando integrantes das forças especiais, ou "spetsnaz", estavam posicionados perto de Izium. Os soldados instalaram um posto de controle na estrada, parando todos os veículos que circulavam nos dois sentidos.

O Ministério do Interior indica que o aeródromo foi "liberado", sem que houvesse vítimas.

"Estamos aqui porque não podemos abandonar o território. Tudo o que faremos é proteger a independência do nosso país e a paz", declarou um oficial ucraniano que não quis se identificar.

Consultado sobre se os militares vão intervir diretamente, ele garantiu que esta tarefa cabe às forças policiais.

Kiev havia anunciado no início do dia que um primeiro batalhão da Guarda Nacional foi enviado "à frente de batalha".

Esse batalhão é formado de voluntários que fizeram parte das unidades de autodefesa de Maidan, a Praça da Independência do centro de Kiev que se tornou símbolo do movimento de contestação que derrubou em fevereiro o regime pró-russo de Viktor Yanukovytch.

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, advertiu a Kiev que o eventual uso da força contra os insurgentes pró-Rússia nas regiões de língua russa do leste da Ucrânia será um ato "criminoso" e prejudicará o diálogo previsto para quinta-feira em Genebra entre Ucrânia, Rússia, Estados Unidos e União Europeia com o objetivo de abordar a crise.

As negociações entre Ucrânia, Rússia, Estados Unidos e União Europeia serão as primeiras em nível internacional desde o início da crise.

O tom também é agressivo em Kiev. A ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Timoshenko anunciou que vai convocar um movimento de resistência diante da "guerra" russa.

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