Agência France-Presse
postado em 16/04/2014 08:36
Caracas - O governo e a oposição da Venezuela destacaram na terça-feira o respeito e tolerância mútuos para avançar em um diálogo de paz, após dois meses de violentos protestos, apesar da confirmação de muitas divergências.A recusa do governo do presidente Nicolás Maduro ao pedido de uma anistia - algo que o chefe de Estado já havia antecipado diversas vezes - foi o primeiro ponto de discórdia, sobre o qual os dois lados buscarão soluções alternativas, anunciaram após o encontro.
As delegações do governo, liderada pelo vice-presidente Jorge Arreaza, e da aliança opositora Mesa de Unidade Democrática, lidera por seu secretário executivo Ramon Guillermo Aveledo, se reuniram por três horas e meia na presença dos chanceleres da Colômbia, Equador e Brasil e do anúncio apostólico, designados "testemunhas de boa-fé".
[SAIBAMAIS]
Durante o encontro "ratificamos nossa rejeição absoluta e sem qualquer dúvida de qualquer manifestação de violência" assim como "nosso respeito à Constituição", disse Aveledo em uma declaração que deve ter agradado ao governo, que desejava dos opositores uma posição justamente sobre estes pontos, entre outros.
A Venezuela é cenário desde fevereiro de protestos, iniciados por estudantes para criticar a falta de segurança.
Mas os setores radicais da oposição entraram nas manifestações e passaram a estimular a tática de ocupar as ruas com protestos para forçar a renúncia do presidente, o que levou Maduro, herdeiro político de Hugo Chávez, a definir a situação como um "golpe de Estado em desenvolvimento".
Os protestos no país provocaram várias batalhas violentas nas ruas entre manifestantes encapuzados, unidades policiais e grupos de civis armados que a oposição acusa de ligação com o governo. No total, 41 pessoas morreram, mais de 600 ficaram feridas, 175 foram detidas e o país registrou 120 denúncias de abusos dos direitos humanos.
A oposição voltou a defender uma anistia, rejeitada pelo governo. Mas Aveledo afirmou que o Executivo deixou aberta a possibilidade de continuidade do diálogo.
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Segundo pesquisa da consultoria Hinterlaces publicada nesta terça-feira, 90% dos venezuelanos apoiam os diálogos de paz entre o governo e a oposição, mas somente 54% acham que ajudarão a resolver os problemas do país,
A pesquisa foi realizada depois do primeiro encontro do diálogo, na quinta-feira passada, e demonstra que a mensagem opositora tem uma repercussão levemente superior à do governo, apesar de a maioria dos entrevistas acreditar que o presidente Maduro está sinceramente interessado em pacificar o país (45%), contra 33% que acham o mesmo da oposição.