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Trabalhadores de fábricas da Nike e Adidas entram em greve ma China

"Ninguém se atreve a levantar e assumir o comando do protesto. Todos têm medo das represálias", disse a funcionária

Agência France-Presse
postado em 16/04/2014 09:07
Pequim - Quase 40.000 funcionários de uma fábrica de calçados na China que trabalha para empresas como Nike e Adidas permaneciam em greve, iniciada na semana passada, informou uma ONG.

Os funcionários da fábrica Yue Yuen, da cidade de Dongguan, se negam a retornar ao trabalho desde a semana passada. Eles exigem melhores salários e cobertura social.

A organização China Labor Watch, especializada nos movimentos sociais do setor industrial chinês, divulgou uma série de fotos que mostram centenas de policiais ao redor da fábrica. De acordo com a ONG, a polícia agrediu e prendeu vários trabalhadores desde o início da greve.

Em sua página oficial na internet, a fábrica Yue Yuen, controlada em parte por capital taiwanês, afirma que é a maior fabricante de calçados esportivos do mundo. A unidade produz calçados para as marcas Nike, Adidas, Puma, Asics, Converse e New Balance.

"Os funcionários prosseguem com a greve e o número, sem dúvida, aumentou", disse à AFP Dong Lin, integrante de uma associação de defesa dos direitos dos trabalhadores com sede em Shenzhen. Dong Lin acredita que há 40.000 pessoas em greve.

A direção da empresa se comprometeu a pagar os salários atrasados até o fim de 2015, afirmou à AFP uma funcionária, que pediu anonimato.

Mas a proposta foi rejeitada pelos grevistas, preocupados com a possibilidade de que a direção decida fechar a unidade e transferir a produção para outro lugar, sem cumprir as promessas, algo habitual na China.

"Ninguém se atreve a levantar e assumir o comando do protesto. Todos têm medo das represálias", disse a funcionária. "A imprensa local nem se atreve a mencionar a existência de nossa greve".



A província meridional de Guangdong, conhecida como "a fábrica do mundo" por concentrar uma parte importante da indústria manufatureira da China que trabalha para a exportação, não está livre de conflitos sociais, apesar da ausência de organizações sindicais independentes.

Na China, as exportações continuam sendo o principal motor do crescimento e qualquer desaceleração pode ter repercussões sociais imediatas. Assim, os empresários são ainda mais exigentes ante a queda da demanda e o aumento dos custos.

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