Cidade de Vaticano - O papa Francisco vai presidir na noite desta quinta-feira (17/4) , no Coliseu de Roma, a tradicional Via Crúcis, que recorda o calvário de Cristo antes da crucificação, e este ano o ritual será dedicado aos sofrimentos que atingem o mundo moderno, como máfia, guerra e drogas.
O pontífice argentino pediu ao bispo da cidade italiana de Campobasso, Giancarlo Bregantini, conhecido por suas batalhas contra a máfia, para escrever as meditações que tradicionalmente são lidas em cada um das 14 estações enfrentadas por Jesus.
O texto, divulgado pelo jornal "L;Osservatore Romano", trata de aspectos da realidade cruel do mundo moderno do ponto de vista de um religioso que vive no sul da Itália, região pobre e esquecida do país.
Bregantini fala da crise econômica e de "suas graves consequências sociais", como o desemprego, a precariedade, o suicídio de empresários, a corrupção e a usura.
O bispo - que sofreu uma tentativa de assassinato da máfia da Calábria em 1994 - também aborda o drama dos refugiados, das drogas e do tráfico de pessoas.
"Com a força interior que vem do Pai, Jesus nos ajuda a acolher a fragilidade dos outros, a não se irritar com os que estão em dificuldade, a não ser indiferente. Nos dá a força de abrir a porta a quem bate em nossas casas pedindo ajuda e dignidade", escreveu.
O texto também fala de doenças causadas pelo despejo de resíduos tóxicos na região de Nápoles. Conhecido como "Terra de fogos", o fenômeno é resultado de anos de descartes de materiais radioativos realizados pela máfia, em um zona onde centenas de camponeses cultivam verduras e legumes.
Em uma entrevista à Rádio Vaticano, o bispo explicou que as estações ainda vão tratar de doentes terminais e de mulheres vítimas de abusos.
"Choremos por esses homens que descarregam nas mulheres as violência que conservam em seu interior", pediu. "Choremos pelas mulheres que são escravas do medo e da exploração".
Milhares de fiéis participam anualmente da Via Crúcis, que vai ser transmitida ao vivo pela televisão pública italiana. No sábado,o Papa presidirá a vigília pascoal na Basílica de São Pedro, e no domingo será realizada a missa da Ressurreição.