Agência France-Presse
postado em 16/04/2014 14:04
Pequim - A China segue atualmente a via do reformista Hu Yaobang, afirma o jornal oficial Global Times, ao tentar recuperar o legado do ex-secretário-geral do Partido Comunista, cuja morte desencadeou a Primavera de Pequim em 1989."Hu realizou uma contribuição histórica para a construção do socialismo com as cores da China", afirma o jornal, em um editorial publicado um dia depois do aniversário da morte do reformista e quando se aproxima o 25; aniversário dos acontecimentos que sacudiram o regime.
"Na realidade, o governo atual aplica a via das reformas defendida por Hu", completa o Global Times. Hu foi destituído por Deng Xiaoping, o pai das reformas, em janeiro de 1987, depois de defender a moderação ante uma onda de manifestações estudantis por democracia.
Sua morte, em 15 de abril de 1989 aos 73 anos, desencadeou novas manifestações de estudantes em homenagem a sua memória e originou o gigantesco movimento popular da "Primavera de Pequim", reprimida violentamente pelo exército na madrugada de 3 para 4 de junho.
Mas o jornal considera que os internautas que recordam o aniversário e pedem reformas democráticas e a reestruturação do poder na China "insultam a vida gloriosa de Hu".
"Os que se opõem à direção do Partido e pedem que a China copie o modelo político ocidental deveriam não associar este modelo com o nome de Hu", afirma o editorial, publicado nas edições em chinês e inglês.
O ex-presidente chinês Hu Jintao - um ex-protegido de Hu Yaobang - visitou na semana passada a cidade natal do ex-mentor, Liuyang (Hunan, centro), "para aprender sobre seu estilo de trabalho de ;homem do povo;", informa o Global Times.
Hu Yaobang, que continuou como integrante do Bureau Político do Partido Comunista após a destituição, continua sendo considerado o mais aplicado dos reformistas que chegaram ao poder com Deng Xiaoping após a morte de Mao Tse-tung (1976), fundador do regime comunista em 1949.
Mas seu legado ainda é fonte de divisões dentro do regime.A repressão da "Primavera de Pequim" de 1989 enterrou durante muito tempo as esperanças de reforma democrática na China.
Nos últimos anos, Hu Yaobang foi objeto de homenagens discretas, a mais importante delas em 2005, com a participação do primeiro-ministro da época, Wen Jiabao.