Agência France-Presse
postado em 16/04/2014 17:19
Washington - Os Estados Unidos exigiram nesta quarta-feira que a Rússia interrompa suas "provocações" no leste da Ucrânia, alertando que estão preparando novas sanções contra Moscou, antes de um encontro internacional em Genebra sobre a crise ucraniana.
No momento em que o secretário de Estado John Kerry estava a caminho da Suíça para participar de negociações envolvendo Rússia, Ucrânia e União Europeia, a Casa Branca indicou que novas sanções contra Moscou podem ser iminentes.
"Estamos preparando novas sanções", declarou o porta-voz do governo, Jay Carney, ressaltando uma mudança de tom no discurso do governo. Na terça, o Departamento de Estado havia afirmado que estavam sendo consideradas medidas "adicionais".
Carney explicou a repórteres, a bordo do avião presidencial, que os Estados Unidos esperam que haja no encontro uma indicação de que a Rússia pretende interromper a escalada de tensões no leste da Ucrânia, onde militantes separatistas pró-Kremlin entraram em confronto com as forças do governo de Kiev.
O porta-voz acrescentou que o governo russo precisa reconhecer o compromisso assumido pelas autoridades ucranianas de realizar reformas constitucionais.
O Departamento de Estado também pediu a desmobilização das forças russas. "Nós definitivamente queremos ver um fim imediato a estas provocações", afirmou a porta-voz adjunta da Chancelaria americana, Marie Harf.
O diálogo em Genebra será iniciado na quinta-feira, em uma tentativa de conter o agravamento da crise. Mas Washington alertou que as ações russas são a questão principal. "As conversas não substituem as ações, quando o que está em jogo é o que está acontecendo. Nós vamos continuar preparando sanções adicionais e outra medidas, se não houver uma interrupção na escalada", acrescentou Harf. "A prioridade é claramente a presença de grupos armados apoiados pelos russos no leste da Ucrânia", explicou.
Apesar de descrever as conversas como "um importante passo diplomático", a porta-voz não pareceu esperar um grande avanço. "Eu não jogaria todas as cartas nesse encontro", afirmou.
Kerry também vai se reunir em separado com os chanceleres da Rússia, Sergei Lavrov, e da Ucrânia, Andrii Deshchytsya, além da chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton.
O encontro acontece depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter alertado para o risco de uma guerra civil na Ucrânia, criando temores de uma invasão militar russa.
- Delegação americana em Kiev -
Com as tensões aumentando, Harf destacou que as relações entre Washington e Moscou estavam "complicadas", mas que permaneciam intactas. É a maior tensão entre o Ocidente e a Rússia desde o fim da Guerra Fria.
"Existem pontos em que atuamos juntos", apontou, destacando as negociações do programa nuclear iraniano e os esforços para reduzir o arsenal de armas químicas da Síria.
"Mas acho que ninguém ficaria surpreso com o fato de os eventos das últimas semanas terem tornado a relação difícil", admitiu.
Os Estados Unidos apoiam a iniciativa de Kiev de combater os separatistas, que se espalharam a partir da Crimeia por todo o país. Putin negou, entretanto, ligações entre o Kremlin e os homens armados que tomaram controle de prédios públicos ucranianos.
Paralelamente, congressistas americanos vão viajar à Ucrânia na segunda-feira, para endossar o compromisso americano com as autoridades de Kiev.
"A Ucrânia está em crise, e os Estados Unidos devem fazer o possível para apoiá-los contra as agressões russas", declarou Ed Royce, chefe da delegação e presidente da Comissão de Assuntos Exteriores da Câmara dos Deputados.