Agência France-Presse
postado em 16/04/2014 17:48
Maiduguri - As autoridades nigerianas afirmaram nesta quarta-feira (16/4) que estão perto do reduto dos suspeitos de sequestrar 129 alunas no nordeste da Nigéria, em meio ao desespero vivido pelas famílias das reféns ante a falta de notícias.Nesta quarta, o Ministério da Defesa confirmou o sequestro ocorrido na segunda-feira. O sequestro em massa, cometido por homens fortemente armados, ocorreu em Chibok, a leste do estado de Borno.
O grupo entrou na escola pública depois de matar um policial e um soldado que protegiam o local. Depois, os homens obrigaram as adolescentes a subir em caminhões e partiram para uma região remota.
[SAIBAMAIS]Chris Olukolade, porta-voz do Exército, garantiu que os soldados estão perto do reduto dos suspeitos. "Os militantes estão fazendo buscas na floresta para resgatar as meninas. São apoiados por helicópteros", declarou o senador Ali Ndume, representante do estado de Borno, o mais sacudido pela violência dos insurgentes islâmicos. Ele explicou que as buscas são dificultadas porque "se trata de uma grande floresta que se estende até o vizinho Camarões".
Uma fonte dos serviços de segurança afirmou que o Exército havia encontrado marcas de pneus e estava seguindo a pista.
O sequestro foi atribuído ao Boko Haram, grupo islamita armado. A insurreição desse movimento já dura cinco anos e causou milhares de mortes no país mais populoso da África. O Boko Haram, que significa "A educação ocidental é um pecado", atacou escolas e universidades em várias ocasiões.
No mesmo dia do sequestro, uma bomba explodiu em uma estrada perto da capital Abuja, deixando pelo menos 75 mortos e 141 feridos, no atentado mais violento já cometido perto da cidade.
Desespero das famílias
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu a liberação imediata das estudantes sequestradas e se disse muito preocupado com os ataques cada vez mais frequentes e brutais contra centros de ensino no norte da Nigéria.
"Ban condena este sequestro escandaloso (...) exige que as alunas sejam liberadas imediatamente e entregues sãs e salvas as suas famílias", declarou Stephane Dujarric. "Tomar como alvo escolas e estudantes constitui uma grave violação das leis humanitárias internacionais", afirmou.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Adolesência (Unicef) também condenou o ataque de Chibok e pediu à Nigéria que "aja com urgência para assegurar que as adolescentes sejam entregues as suas famílias.
"Levaram a minha filha. Não sei o que fazer. As autoridades não devem permitir que estes assassinos despedacem os sonhos de nossas filhas", declarou uma mulher de Chibok, que, como muitos dos pais das meninas sequestradas, não quis se identificar por medo de represálias, apesar do desespero causado pelo destino incerto de seus filhos.
Algumas meninas conseguiram escapar quando os radicais consertavam um dos caminhões, explicou à AFP uma menina que conseguiu fugir. "Toda a cidade está de luto", declarou o pai de outra criança sequestrada, que disse estar vivendo "um pesadelo".
Segundo Emmanuel Sam, da Secretaria de Educação regional, as alunas de Chibok se preparavam para fazer um exame, o que explica porque todas estavam na instituição de ensino quando ocorreu o ataque.
Em função da violência, várias escolas foram fechadas na região.