Mundo

Obras de García Márquez têm fortes traços autobriográficos

Fictícias ou não, as histórias do escritor colombiano Gabriel García Márquez são fortemente influenciadas por experiências que o autor viveu na juventude, da rotina nas redações de jornais aos relatos que ouviu sobre a Guerra dos Mil Dias

postado em 18/04/2014 07:00
Aracataca, na Colômbia: a cidade natal do escritor inspirou a criação de povoados fictícios em alguns de seus livros, como Macondo, onde se passa Cem anos de solidão

Embora Viver para contar (2002) seja a única autobiografia de Gabriel García Márquez, toda a obra do escritor é permeada por relatos autobiográficos. ;Eu sinto que toda a minha escrita tem sido sobre as experiências do tempo que passei com meus avós;, escreveu certa vez Gabo, que viveu com os avós maternos na cidade de Aracataca, na Colômbia, até os oito anos de idade. Os pais haviam se mudado para Barranquilla em busca de uma vida melhor.

É curioso observar que esse período tão curto tenha exercido tanta influência no imaginário do escritor e gerado uma obra tão prolífica, que ultrapassa a marca dos 40 livros, entre romances, contos e crônicas. As histórias que ouvia do avô, um veterano da Guerra dos Mil Dias, e as superstições da avó, que falava de coisas fantásticas e improváveis como se fossem verdades irrefutáveis, são a chave para entender a obra e o estilo de Gabo.

Enquanto escutava causos sobre a guerra civil, o massacre da banana e o namoro de seus pais, Márquez também se via rodeado por mulheres de todas as idades, que apareciam e iam embora de sua vida com alta frequência. Tias, tias-avós e filhas ilegítimas de seu avô eram personagens constantes e, ao mesmo tempo, passageiras do seu dia a dia. Viver cercado por tantas mulheres, observar os hábitos e ouvir as conversas delas foram aspectos juvenis que tiveram grande reflexo nos escritos do autor colombiano.

Macondo, terra fictícia baseada em sua cidade natal, Aracataca, é introduzida em seu primeiro romance, A revoada (1955). O pequeno povoado de ruas empoeiradas e casas antigas de madeira, que, à época em que Gabo nasceu, vivia sob os vestígios dos tempos áureos das plantações bananeiras do começo do século, parece ser o cenário de grande parte de suas obras, onde, sob um intenso calor, histórias baseadas em causos que ouvia se desenrolavam. A cidade apareceria de novo em Os funerais da mamãe grande (1962), Cem anos de solidão (1967) e, implicitamente, em diversas outras obras.

A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação