postado em 18/04/2014 07:00
Singulares, as obras de Gabriel García Márquez adotam características únicas de fase em fase, que tornaram o escritor a maior referência da literatura colombiana. Entre algumas das peculiaridades, está o fato de o autor deixar de lado, propositalmente, detalhes e eventos importantes para o entendimento completo de algumas histórias, em busca de maior participação dos leitores. No principal romance, Cem anos de solidão, trabalha com alusões e metáforas relacionadas a fatos históricos da Colômbia, por exemplo.
Nos primeiros textos, publicados entre o início da década de 1950 e o fim dos anos 1960, as narrativas são construídas com tons mais econômicos e concentradas e tramas mais voltadas à realidade. Somente depois, no início dos anos 1970, as obras tomaram forma do chamado realismo mágico.
O realismo mágico é uma versão latino-americana da literatura fantástica europeia, em que a abordagem de temas sociais vem envolvida por tramas extravagantes, resquícios de lendas e evocação a sonhos, ingredientes que constituíram uma nova mitologia literária. Essa vertente teve o ápice da repercussão entre as décadas de 1960 e 1970.
Segundo o professor de jornalismo literário da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Paniagoe o autor elevou em escala planetária uma série de características da cultura latino-americana. ;Ele foi o porta-voz do realismo mágico e atingiu outra dimensão, com obras traduzidas para muitas línguas. Apresentou a literatura latino-americana como exótica, fantástica, povoada por seres irreais e pela convivência com fantasmas e pessoas mortas, entre outras várias características;, ressalta.
Paniago enfatiza dois pontos fundamentais que alicerçam todos os trabalhos de Gabo. ;A atenção aos detalhes e às características do jornalismo estão presentes em qualquer momento das obras dele. No começo de Cem anos de solidão, por exemplo, ele consegue descrever o gelo de uma maneira tão envolvente que o torna a coisa mais fantástica do mundo;, destaca.