Agência France-Presse
postado em 18/04/2014 10:03
Juba - Pelo menos 58 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas na quinta-feira no ataque a uma base da ONU no Sudão do Sul, onde se refugiaram milhares de civis, anunciaram as Nações Unidas nesta sexta. "Quarenta e oito corpos, incluindo crianças, mulheres e homens, foram encontrados na base. Os corpos de 10 criminosos foram encontrados do lado de fora da base", anunciou o chefe das operações humanitárias da ONU no Sudão do Sul, Toby Lanzer. "O número total de mortos é 58, mas pode aumentar, porque mais 100 pessoas ficaram feridas, algumas delas com gravidade", completou.
O ataque aconteceu na cidade de Bor, leste do país, controlada pelo governo do Sudão do Sul. De acordo com Lanzer, um grupo de 350 jovens armados e vestidos com roupas civis "atuou com extrema violência para abrir um buraco" na área da base das Nações Unidas, que abriga quase 5.000 civis.
Leia mais notícias em Mundo
Posteriormente, os criminosos abriram fogo contra os civis, refugiados na base para fugir da violência étnica da guerra que explodiu há quatro meses. O objetivo, segundo Lanzer, era matar o maior número de pessoas possível.
"Quando percebemos que estávamos sendo atacados, respondemos. A reação rápida dos capacetes azuis da ONU permitiu salvar vidas", disse Lanzer.
A resposta dos soldados dos batalhões de paz da Índia, Nepal e Coreia do Sul foi decisiva para responder ao ataque, repetiu Lanzer, antes de recordar que o mandato das Nações Unidas permite o uso de "força letal" para proteger civis.
"Faremos o possível para proteger a vida das pessoas que estão sob nossa proteção, inclusive o uso de arma letal da força", advertiu o funcionário da ONU.
A ONU adotou medidas para melhorar a segurança de suas outras bases no país, que abrigam quase 60.000 pessoas de diversas etnias.
Os membros do Conselho de Segurança da ONU condenaram "nos termos mais enérgicos estes atos e salientaram que os ataques contra civis e capacetes azuis da ONU podem constituir crimes de guerra.
O Conselho exigiu do governo do Sudão do Sul que "adote imediatamente medidas para garantir a segurança" dos civis e dos locais de proteção dos civis da ONU na região, e que investigue os incidentes para levar os responsáveis à Justiça
A guerra no Sudão do Sul deixou milhares ou dezenas de milhares de mortos e quase 900.000 refugiados. O conflito começou em 15 de dezembro em Juba e depois atingiu todo o país, em particular os estados do Alto Nilo (nordeste), Unidade (norte) e Jonglei (leste).
O conflito envolve as forças governamentais do presidente sul-sudanês Salva Kiir e os partidários de seu ex-vice-presidente Riek Machar, destituído em 2013.
Desde então virou uma batalha étnica, entre os dinka de Kiir e os nuer de Machar, que entrou em um "ciclo de represálias", segundo Lanzer.
O Sudão do Sul conquistou a independência há menos de três anos, após uma violenta guerra civil.