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Separatistas ucranianos rejeitam acordo concluído em Genebra

"O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, não assinou em nosso nome, mas pela Rússia", afirmou o dirigente separatista

Agência France-Presse
postado em 18/04/2014 14:07
Donetsk - Os separatistas pró-Rússia do leste da Ucrânia permaneciam inflexíveis e rejeitaram o acordo concluído em Genebra para tentar desativar a crise ucraniana, um novo desafio para o governo pró-Ocidente de Kiev.

O presidente interino ucraniano, Olexander Turchynov, e o primeiro-ministro Arseni Iatseniuk estenderam a mão aos separatistas e prometeram uma importante descentralização, além de um "status especial" para a língua russa.

Para surpresa de todos, os chefes da diplomacia ucraniana, russa, americana e europeia concluíram na quinta-feira um acordo em Genebra para reduzir a tensão no país, à beira de uma explosão com a insurreição do leste, que exige a integração à Rússia ou uma "federalização" da nação.

O acordo prevê o desarmamento de grupos ilegais e a retirada dos prédios ocupados, além de uma anistia para os que entregarem as armas, exceto para os que cometeram assassinatos.

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O texto estipula também que o processo constitucional anunciado pelo governo de transição será "transparente" e incluirá todas as regiões ucranianas, assim como todas as entidades políticas.

Mas, entrincheirados na sede da administração regional de Donetsk, ocupada desde 6 de abril, os insurgentes rejeitaram o plano.

"Estamos de acordo que os edifícios devem ser desocupados, mas antes (o primeiro-ministro Arseni) Yatseniuk e (o presidente Olexander) Turchynov devem sair dos edifícios que ocupam ilegalmente desde o golpe de Estado", declarou Denis Pushilin, um dos líderes dos separatistas.

Os separatistas, que preveem um referendo sobre a autonomia regional para 12 de maio, não se consideram vinculados ao acordo.

"O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, não assinou em nosso nome, mas pela Rússia", afirmou o dirigente separatista.

Kiev faz proposta

Apesar da rejeição dos insurgentes, as autoridades de Kiev decidiram respeitar sua parte no acordo. "O governo ucraniano está disposto a realizar uma reforma constitucional de envergadura que dará amplos poderes às regiões. Damos um status especial à língua russa e garantimos a proteção desta língua", declarou o primeiro-ministro Arseni Yatseniuk em um discurso à nação ao lado do presidente interino Olexander Turchynov.

"Queremos que se instale a concórdia na Ucrânia. O governo está disposto a modificar o código fiscal e orçamentário para dar recursos financeiros a cada território ucraniano", completou o primeiro-ministro.

Se a aplicação do acordo "não começar nos próximos dias, depois da Páscoa teremos ações mais concretas", declarou o ministro das Relações Exteriores, Andrei Dechtchitsa.

A ;operação antiterrorista; iniciada para retomar o controle das regiões do leste da Ucrânia não foi suspensa, mas não está em uma fase ativa, segundo o Serviço Especial Ucraniano (SBU).

Os misteriosos "homens de verde" armados, que segundo Kiev são militares russos e de acordo com Moscou "grupos locais de autodefesa", ainda controlam a cidade de Slaviansk, dominada há seis dias.

Além disso, separatistas - simples manifestantes ou grupos armados - permaneciam entrincheirados em prédios públicos de mais de 10 cidades de língua russa da Ucrânia.

Os separatistas pró-Moscou exigem um referendo sobre a incorporação à Rússia ou sobre a "federalização".

Mas o acordo de Genebra também decepcionou os partidários da unidade da Ucrânia, pois não inclui uma referência à integridade territorial do país nem exige que a Rússia interrompa a ocupação da Crimeia, como destacou Anatoli Gritsenko, ex-ministro da Defesa e candidato à presidência.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse na quinta-feira não ter certeza de que o acordo com Rússia e Kiev sobre a Ucrânia vá funcionar e afirmou que novas sanções serão impostas a Moscou, se necessário.

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Horas antes do acordo, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que esperava não ver-se obrigado a recorrer ao envio de Forças Armadas à Ucrânia.

A Rússia mantém quase 40.000 homens na fronteira entre os países e o presidente russo já afirmou em várias ocasiões que pretende defender "a qualquer preço" as pessoas de língua russa da ex-URSS.

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