Agência France-Presse
postado em 23/04/2014 08:55
Ramallah - A Autoridade Palestina e o movimento islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza, obtiveram progressos em sua reconciliação, no momento em que as negociações de paz com Israel estão bloqueadas e o prazo previsto para alcançar um acordo está prestes a expirar.Na madrugada desta quarta-feira, se obteve um compromisso interno durante a reunião na Faixa de Gaza entre a delegação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e dirigentes do Hamas "para a formação de um governo de união nacional no prazo de cinco semanas", disse à AFP um membro da OLP.
Segundo a fonte, que pediu para ter a identidade preservada, o governo de união nacional será formado por tecnocratas. "Também ocorreram progressos sobre a organização de futuras eleições e sobre a composição da OLP", acrescentou a fonte.
A delegação da Autoridade Palestina é liderada por Azam al-Ahmad, um dirigente do Fatah, movimento nacionalista do presidente palestino, Mahmud Abbas, e que governa as zonas autônomas de Cisjordânia.
[SAIBAMAIS]
As negociações envolvem ainda o chefe de governo do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, e o número dois do movimento islâmico, Musa Abu Marzuq, que chegou na segunda do Cairo para participar do encontro.
As reuniões a portas fechadas devem prosseguir até o final de semana. "Peço que todos trabalhemos pela reconciliação palestina para conseguirmos criar um governo único, um sistema político único e um programa nacional único", pediu Haniyeh, que recebeu os delegados da OLP em sua casa. O chefe da delegação, Azam al-Ahmad, se disse "feliz de chegar ao momento de acabar com a divisão".
O Fatah, principal partido da OLP, e o Hamas assinaram um acordo de reconciliação para acabar com a divisão entre Cisjordânia e Gaza em 2011, mas a maioria das cláusulas nunca foram aplicadas. O Hamas se opõe categoricamente às atuais negociações da Autoridade Palestina com Israel.
No entanto, estas negociações estão completamente bloqueadas desde que Israel se negou a libertar, no dia 29 de março, segundo o previsto, um último contingente de prisioneiros e exigiu uma prolongação das negociações de paz para além de 29 de abril, a data limite decidida inicialmente.
Os Estados Unidos tentam fazer com que as duas partes alcancem um acordo que permita prolongar as negociações, mas até o momento isso não ocorreu. Neste contexto, líderes palestinos indicaram nesta terça-feira que não têm a intenção de dissolver a Autoridade Palestina.
"Nenhum palestino fala de uma iniciativa de desmantelar a Autoridade Palestina", afirmou nesta terça-feira à AFP o chefe dos negociadores da Autoridade com Israel, Saeb Erakat.
"Mas as iniciativas israelenses anularam o alcance legal, político, de segurança, econômico e operacional das prerrogativas da Autoridade Palestina", acrescentou.
A equipe de negociadores havia informado na semana passada ao mediador americano, Martin Indyk, que os palestinos poderiam decidir desmantelar o governo dirigido por Abbas para fazer com que recaísse sobre Israel a responsabilidade pela gestão do território como potência ocupante. Os Estados Unidos advertiram na segunda-feira que este tipo de medida extrema teria graves consequências.
Esta foi a primeira vez em que foi levantada a ameaça de dissolver a Autoridade desde a retomada das negociações de paz entre israelenses e palestinos sob os auspícios do secretário americano de Estado, John Kerry, em julho.
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Já o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, minimizou a importância das ameaças de dissolução da Autoridade Palestina caso o processo de paz fracasse.
"A Autoridade Palestina, que ameaçava ontem se dissolver, fala hoje de reunificação com o Hamas. Devem decidir se querem se dissolver ou se reunificar com o Hamas, e quando quiserem a paz nos digam", declarou Netanyahu na noite de segunda-feira em um discurso por ocasião do fim da Páscoa judaica.