Agência France-Presse
postado em 25/04/2014 11:45
O presidente do Tribunal Constitucional, a maior instância judicial da Turquia, rejeitou nesta sexta-feira (24/4) com veemência as críticas do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, afirmando que os tribunais não recebem ordens."Em um Estado de direito, os tribunais não recebem nem ordens, nem instruções. Além disso, não podem se deixar guiar por sentimentos de amizade, nem de hostilidade", declarou Hasin Kiliç durante um discurso exibido na TV por ocasião do 52; aniversário da criação de sus instituição.
O discurso de Kiliç foi especialmente veemente e estava destinado, entre outros, a Erdogan, que estava entre os convidados e cujo rosto mostrava a desaprovação.
No fim do discurso, o chefe de Governo deixou a sala e vetou a recepção oferecida aos convidados importantes, afirmou a imprensa.
O tribunal supremo determinou nas últimas semanas várias derrotas ao regime islamita-conservador turco, ao anular em parte uma reforma judicial destinada a reforçar seu controle sobre o aparato judicial, adotada no Parlamento em pleno escândalo de corrupção, e desbloqueou o acesso à rede Twitter, proibido pelo poder após a divulgação de escutas telefônicas comprometedoras.
Ao ordenar no início de abril a suspensão do bloqueio do Twitter, o primeiro-ministro não hesitou em criticar a decisão: "Temos que aplicar a sentença, mas eu não a respeito", indicou, acusando os juízes de agir contra os interesses nacionais.
"Dizer que o tribunal constitucional age com uma agenda política e acusá-lo de falta de patriotismo é uma crítica sem profundidade", respondeu Kiliç.
O líder dos chamados sábios ressaltou a necessidade de preservar a independência da justiça na Turquia e acusou Erdogan, que dirige o país desde 2002, de ter feito críticas excessivas sobre as decisões do tribunal.