Agência France-Presse
postado em 25/04/2014 11:55
João Paulo II "não conhecia os resultados da investigação sobre os casos de abusos sexuais" porque faleceu antes que este trabalho tivesse terminado, declarou nesta sexta-feira (24/5) o porta-voz do papa polonês, Joaquín Navarro Valls.Em uma coletiva de imprensa no Vaticano, como parte das atividades organizadas para a canonização de João Paulo II e João XXIII no domingo, Navarro Valls respondeu, assim, a uma pergunta sobre os abusos sexuais, em particular do mexicano Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo. No mundo alguns acusam o papado de João Paulo II de ter acobertado estes casos.
[SAIBAMAIS]Segundo Navarro Valls, médico psiquiatra, jornalista e membro da organização conservadora Opus Dei, no início o problema da pedofilia "não foi entendido por ele, nem por ninguém (...) A pureza de seu pensamento tornava impossível para ele compreender esta situação".
E acrescentou que o Papa convocou os bispos americanos a abordar o assunto porque dali vieram as primeiras denúncias. "O processo canônico contra o padre Maciel - lembrou - começou com João Paulo II e terminou um ano depois da posse de Bento XVI".
Sobre o papa polonês, contou também que tinha uma grande capacidade de trabalho, rezava muito e sorria sempre. "Não posso resumir todos os aspectos de santidade que vi em João Paulo II, mas acredito principalmente que três coisas o caracterizavam: rezar, trabalhar e sorrir. Nele, a oração era a necessidade mais profunda. Assim como para mim é respirar, para ele era rezar", contou.
"Tinha uma capacidade de trabalho incrível", acrescentou. E citou a história de quando o Papa estava de férias na montanha e ele, para convencer o pontífice a permanecer mais tempo, disse que os trabalhadores italianos tinham por lei o direito a um mês de férias pagas por ano.
"Que pena - respondeu o Papa - porque eu sou cidadão Vaticano", contou Navarro. Não lhe faltava bom-humor, mesmo quando já estava doente.
Outra vez, contou o ex-porta-voz, quando alguém visitou o pontífice e disse que ele estava bem, João Paulo II, que já estava doente, respondeu: "Você acredita que não me vejo na televisão como realmente estou?".