postado em 26/04/2014 06:00
Cidade do Vaticano ; Amanhã, quando decretar santos, ao mesmo tempo, dois de seus antecessores ; João Paulo II e João XXIII ;, o papa Francisco dará um largo passo para concretizar o desafio imposto a si mesmo desde que ocupou o trono de Pedro: reaproximar a Igreja Católica do povo. De quebra, atrelado à proximidade com os fiéis e numa tacada só, afagará os divergentes grupos internos, santificando um conservador carismático e um progressista. A Praça de São Pedro e todas as ruelas que levam a ela estarão abarrotadas de gente do mundo inteiro, que invadiu a capital italiana nos últimos dias.
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Os ritos da cerimônia, com a esperada presença de Bento XVI, não trarão muita novidade, mas a canonização simultânea de ex-pontífices será inédita. Não à toa, ocorrerá num momento em que o catolicismo, liderado pelo papa argentino, ensaia virar uma página de turbulências e vive em lua de mel com o rebanho de 1,2 bilhão de fiéis.
O último papa santificado foi Pio X, que governou a Igreja entre 1903 e 1914. Agora, em uma só missa, a Igreja chamará de santos dois gigantes de sua história. ;É uma jogada política magistral de Francisco;, definiu ontem, ao Correio, a argentina Elisabetta Piqué, uma das vaticanistas mais badaladas do momento, autora do livro Francisco: vida e revolução, ainda indisponível em português. Foi ela que, durante o conclave do ano passado, chegou a antecipar a possível eleição do cardeal Jorge Mario Bergoglio.
A dupla canonização desagradou aos poloneses, que esperavam uma festa exclusiva para o idolatrado Karol Wojtyla. Entre os entusiastas de João XXIII, o temor era de que o ;papa bom; virasse coadjuvante ao lado do ;papa pop;, dono do terceiro pontificado mais longo da história ; 27 anos, 5 meses e 17 dias ; e muito mais presente na memória dos fiéis.
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