Agência France-Presse
postado em 27/04/2014 09:45
Seul - O primeiro-ministro sul-coreano, Chung Hong-Won, renunciou ao seu cargo neste domingo (27/4) devido ao naufrágio da balsa que deixou ao menos 187 mortos, em sua maioria adolescentes, no dia 16 de abril.
"Apresentei minhas desculpas por ter sido incapaz de impedir que este acidente ocorresse, e incapaz de gerir corretamente o que ocorreu depois (...) Considero que, como primeiro-ministro, devo assumir minhas responsabilidades e renunciar", declarou.
Tanto o governo sul-coreano quanto a maioria das instituições envolvidas na gestão desta crise foram duramente criticados pela gestão do desastre e das operações de resgate.
"Queria renunciar antes, mas a gestão da situação era a prioridade máxima e pensei que seria um ato de responsabilidade fornecer minha ajuda antes de partir. Mas decidi renunciar agora para não ser um peso para o governo", disse Chung Hong-Won.
O número de falecidos declarados chegava neste sábado a 187, de acordo com o balanço oficial, mas 115 pessoas continuam desaparecidas entre os destroços submersos do "Sewol", que afundou na manhã de 16 de abril com 476 pessoas a bordo, 352 das quais eram estudantes do ensino médio em viagem de férias.
Desânimo e tristeza
Os socorristas já perderam toda a esperança de encontrar sobreviventes e as famílias denunciam o ritmo muito lento das operações de recuperação dos cadáveres.
"O acidente afundou todos os sul-coreanos em um profundo estado de choque e tristeza. Já se passaram muitos dias desde então, mas os gritos dos familiares dos desaparecidos me perturbam durante a noite", confessou o primeiro-ministro renunciante.
"Não é o momento para culpar uns aos outros pelos números, devemos finalizar as operações de resgate", acrescentou, pedindo para ele "perdão e compreensão".
Os 15 membros da tripulação da balsa estão atrás das grades. Os quatro que ainda não haviam sido detidos foram presos na noite de sábado.
O capitão do "Sewol", Lee Joon-seok, assim como outros dez membros da tripulação, já haviam sido detidos sob diferentes acusações, em particular por negligência e abandono dos passageiros.
A atitude da tripulação do navio foi severamente criticada, em particular pela presidente sul-coreana.
"Os atos do capitão e de alguns membros da tripulação são totalmente incompreensíveis, inaceitáveis e equivalentes a assassinato", havia declarado a presidente, Park Geun-Hye.
Meteorologia
A busca para encontrar os corpos dos ainda desaparecidos entre os restos da embarcação precisou ser abandonada no sábado devido ao mau tempo.
"A situação é muito difícil devido às condições meteorológicas, mas os esforços de busca prosseguem, aproveitando os momentos ocasionais mais calmos", afirmou um porta-voz do serviço da guarda-costeira, acrescentando que 93 mergulhadores participavam das operações deste domingo.
Nos dias anteriores, o clima foi favorável e ajudou o trabalho dos mergulhadores, embora as condições em todo o interior do casco sejam muito duras, sobretudo pela falta de visibilidade, que é quase nula.