Agência France-Presse
postado em 27/04/2014 11:52
Cidade do Vaticano - Milhares de fiéis - poloneses, principalmente, mas também latino-americanos e de outros países -, seguiram neste domingo (27/4) com devoção e carregando suas próprias bandeiras a canonização de João Paulo II e de João XXIII na Praça de São Pedro. Muitos deles passaram a noite em claro, sob a chuva, para reservar um bom lugar para a cerimônia.O altar estava localizado aos pés da Basílica de São Pedro e os lugares de destaque foram ocupados pelo papa emérito Bento XVI - muito aplaudido pela multidão -, por cardeais, bispos e delegações oficiais.
Outros milhares de peregrinos foram se aglomerando com o passar das horas nas ruas próximas à praça de São Pedro e avançavam pela Via da Conciliação, embora os jovens voluntários da Defesa Civil, formando correntes humanas, tentassem contê-los para evitar incidentes.
[SAIBAMAIS]Medidas de segurança importantes, mas não proibitivas, cercavam o Vaticano, onde também existiam postos para fornecer assistência médica de urgência e garrafas de água aos peregrinos.
O Vaticano estimou que 500.000 pessoas estavam presentes na região de São Pedro e 300.000 acompanhavam a cerimônia através dos telões instalados em diferentes pontos da cidade, como o Coliseu.
Em certo momento, quando a cerimônia estava prestes a começar, era praticamente impossível caminhar sem esbarrar em alguém.
Poloneses na esplanada
Os poloneses, o grupo mais notável, que carregavam consigo cadeiras dobráveis, mochilas com comida e almofadas, abriam um espaço para se ajoelhar quando a cerimônia exigia.
"Sinto-me muito feliz, muito comovida e muito cansada depois desta cerimônia", comentou Anna Wiswinska, uma professora polonesa que conheceu João Paulo II em Cracóvia.
"Viemos pelos quatro Papas, os dois vivos e os dois canonizados", contou à AFP a jovem italiana e estudante de engenharia Letizia Montironi.
"Mas acredito que o Papa mais importante para a juventude italiana é Francisco", ressaltou, reconhecendo que sua geração conhece pouco ou nada do papa italiano João XXIII, que convocou o Concílio Vaticano II na década de 60 para modernizar a Igreja.
Provenientes de México, Argentina, Peru, Equador, Chile e Costa Rica, entre outros países, os latino-americanos disseram se sentir mais próximos de João Paulo II, a quem conheceram em suas viagens à América Latina, já que João XXIII, que viajava pouco, faleceu em 1963.
"João Paulo II visitou várias vezes o México e todas as vezes nos dizia que se sentia mexicano. Para nós isso é muito importante. Mas eu vim também porque, quando a minha mãe estava grávida de mim, veio ao Vaticano e ele lhe deu a bênção", contou à AFP Juan Pablo Almeyda, de 23 anos, originário de Guadalajara.
"Eu vim de Madri, onde moro. Estou emocionada por ter tido a oportunidade de presenciar uma cerimônia histórica. João Paulo II era muito bom, se dava bem com todos, por isso gostamos tanto dele", contou a equatoriana Enid Vásquez.
Para María Patricia Cardoza de Peña, do Peru, ir a Roma era o sonho de sua vida.
"Ontem na Basílica deixei a João Paulo todos os pedidos e orações que trouxe de meu país. E hoje me sinto muito emocionada porque aquele Papa era, de certa forma, o cuidador de meus filhos", confessou.
Entre as muitas delegações se destacava a de Uganda, formada por 220 pessoas, algumas com seus trajes tradicionais, contou à AFP o sacerdote Jacinto Shibuca, que guiava o grupo.
"João Paulo II esteve em nosso país em 1993 e sua influência trouxe paz e um melhor entendimento, por isso o amamos tanto", contou.
Cansados devido às longas horas de espera, mas felizes, os peregrinos começaram a abandonar a praça após o papa Francisco percorrer de automóvel, de forma excepcional, a Via da Conciliação, para saudar de perto e despertar alegria e entusiasmo nos fiéis provenientes de todas as partes do mundo.