Agência France-Presse
postado em 28/04/2014 12:08
Manila - Novas sanções foram anunciadas nesta segunda-feira (28/4) contra a Rússia, acusada pelos ocidentais de provocar uma escalada na crise da Ucrânia, provocando uma reação imediata de Moscou, que prometeu responder. Americanos e europeus adotaram nesta segunda-feira novas sanções na tentativa de convencer Moscou a parar com a desestabilização da situação na Ucrânia.O governo dos Estados Unidos adotou sanções contra sete altos funcionários russos e 17 empresas vinculadas ao entorno do presidente Vladimir Putin como forma de punir o que considera "provocações" na Ucrânia. Washington também pretende endurecer os requisitos de regulação de algumas exportações de alta tecnologia que podem ter uso militar para a Rússia, indicou a Casa Branca em um comunicado divulgado em Manila, onde o presidente americano, Barack Obama, finaliza uma viagem pela Ásia.
Já a União Europeia alcançou um acordo para incluir outros 15 nomes na lista de personalidades russas e ucranianas com proibição de visto e bens congelados no bloco pela situação na Ucrânia, segundo fontes diplomáticas. As 15 personalidades, cujos nomes serão publicados na edição de terça-feira do Boletim Oficial da UE, se somarão aos 33 russos e ucranianos que já são submetidos a sanções europeias pelo apoio à separação da Crimeia e à desestabilização da Ucrânia.
"Estamos em uma situação na qual a tensão não diminui", disse a porta-voz da Comissão Europeia, Pia Ahrendkilde Hansen. Moscou não demorou a reagir. "Cada palavra utilizada pelo porta-voz da Casa Branca (...) testemunha o fato de que os Estados Unidos perderam completamente o senso de realidade e levam a um agravamento da crise", considerou o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergue; Riabkov.
"Certamente vamos responder" às sanções, declarou Riabkov, citado pelas agências de notícias russas. "Temos certeza de que esta resposta terá um efeito doloroso para Washington", completou, ressaltando que a Rússia dispõe de muitas opções. Os ocidentais acusam abertamente a Rússia de agitar os separatistas do leste da Ucrânia, e esperam dissuadir Moscou por meio de um isolamento no cenário internacional.
[SAIBAMAIS]Europa e Estados Unidos também estão preocupados com a forte mobilização militar russa na fronteira com a Ucrânia. Para responder a essas preocupações na região, quatro aviões de combate franceses chegaram nesta segunda-feira à Polônia, enquanto outros quatro britânicos estão na Lituânia, como parte de uma missão da Otan.
Nova fonte de crise
As novas medidas anunciadas por Bruxelas e Washington eram esperadas após a degradação da situação nos últimos dias no leste da Ucrânia, onde a rebelião pró-russa não para de crescer e onde os insurgentes mantêm desde sexta-feira em cativeiro observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
As negociações para a libertação dos sete estrangeiros e seus quatro acompanhantes ucranianos prosseguem nesta segunda-feira em Slaviansk, reduto separatista da região de Donetsk. "Todos estão vivos e bem de saúde", declarou nesta segunda à imprensa o prefeito auto-proclamado de Slaviansk, Viatcheslav Ponomarev, que os chamou no domingo de "prisioneiros de guerra".
A OSCE organiza para esta tarde em Viena uma reunião extraordinária de seu conselho sobre a situação. O governo alemão pediu nesta segunda-feira a Moscou para se posicionar claramente sobre o sequestro dos observadores e "se distanciar muito claramente desses atos". Os rebeldes de Slaviansk também mantêm detidos desde domingo três militares ucranianos acusados de espionagem.
A tensão persiste em outras cidades como Donetsk ou Kharkiv. No total, cerca de doze cidades estão atualmente nas mãos de forças pró-russas, que ocupam os prédios públicos. Um novo foco de tensão surgiu nesta segunda-feira na cidade de Kostiantynivka, perto da capital regional de Donetsk, onde insurgentes armados ocuparam a prefeitura e ergueram barricadas.
Quase 20 homens fortemente armados e com uniformes sem insígnias estavam posicionados diante da prefeitura e alguns militantes construíam barricadas na frente do prédio, no qual foi hasteada uma bandeira da "república de Donetsk". Em Kharkiv, o prefeito pró-Rússia Guenadi Kernes foi gravemente ferido por um tiro em um "atentado".
Em Donetsk, a administração regional anunciou ter encontrado o corpo mutilado de um homem em um rio com sinais de tortura similares aos dois cadáveres encontrados nos últimos dias, incluindo o de um vereador pró-Ocidente. E em Kiev, o primeiro-ministro Arseni Yatseniuk declarou que o governo ucraniano irá acionar o Tribunal de Arbitragem de Estocolmo contra a companhia russa de gás Gazprom.