Agência France-Presse
postado em 28/04/2014 20:22
Washington - O ministro russo da Defesa, Serguei Choigu, voltou a afirmar que as forças russas não invadirão a Ucrânia e pediu que os Estados Unidos baixem os níveis de retórica, durante uma conversa por telefone nesta segunda-feira com seu homólogo americano, Chuck Hagel.O Pentágono apresentou um memorando no qual ressalta que o secretário de Defesa americano disse que a situação continua sendo "perigosa", e voltou a pedir que a Rússia "evite uma influência desestabilizadora na Ucrânia".
Em Moscou, o Ministério da Defesa russo indicou ter pedido para que o Departamento de Defesa dos Estados Unidos contribua para baixar os níveis de retórica". Choigu "negou categoricamente as afirmações sobre a presença de grupos de sabotagem russos no sudeste da Ucrânia".
O ministro russo da Defesa também afirmou que as tropas russas haviam interrompido as manobras militares perto da fronteira com a Ucrânia.
Choigu destacou durante a conversa de uma hora que o "regime de Kiev, sob o pretexto de lutar contra o terrorismo", enviou tropas aos sudeste do país "contra seu próprio povo", precisando que foram 80 tanques, 130 veículos blindados e 15.000 homens.
"A Rússia foi obrigada a iniciar manobras de envergadura perto da fronteira com a Ucrânia diante da perspectiva de uma ação militar (ucraniana) contra os civis (...) Depois que as autoridades ucranianas declararam que não iam utilizar as unidades militares regulares contra a população desarmada, as tropas russas voltaram aos seus quartéis", disse Choigu, segundo um comunicado de seu ministério.
As tropas russas iniciaram na semana passada manobras militares na fronteira com o país vizinho. O presidente Vladimir Putin havia alertado para as consequências, caso as forças ucranianas atacassem as populações de língua russa do leste da Ucrânia.
Vários prédios públicos permanecem em poder de separatistas fortemente armados em cerca de dez cidades ucranianas. As invasões começaram depois da rápida anexação da península da Crimeia (sul) à Federação Russa, em março. Desde então, as tentativas do governo interino de retomar os edifícios fracassaram.
Segundo as autoridades ucranianas, os "homens de verde" armados e usando uniformes sem insígnias que participam de invasões a administrações no leste fazem parte das forças especiais russas, algo que Moscou desmente.
Americanos e europeus adotaram nesta segunda-feira novas sanções na tentativa de convencer Moscou a parar com a desestabilização da situação na Ucrânia.
O governo dos Estados Unidos adotou sanções contra sete altos funcionários russos e 17 empresas vinculadas ao entorno de Putin como forma de punir o que considera "provocações" na Ucrânia.
Washington também pretende endurecer os requisitos de regulação de algumas exportações de alta tecnologia que podem ter uso militar para a Rússia, indicou a Casa Branca em um comunicado divulgado em Manila, onde o presidente americano, Barack Obama, finaliza uma viagem pela Ásia.
Já a União Europeia alcançou um acordo para incluir outros 15 nomes na lista de personalidades russas e ucranianas com proibição de visto e bens congelados no bloco pela situação na Ucrânia.
As 15 personalidades, cujos nomes serão publicados na edição de terça-feira do Boletim Oficial da UE, se somarão aos 33 russos e ucranianos que já são submetidos a sanções europeias pelo apoio à separação da Crimeia e à desestabilização da Ucrânia.