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Atentado contra a cidade síria de Homs mata pelo menos 45 pessoas

Em Homs, controlada em grande parte pelo exército regular, ao menos 45 pessoas morreram em ataques com carro-bomba

Agência France-Presse
postado em 29/04/2014 11:36
Damasco - Quase 60 pessoas morreram em ataques contra bairros sob controle do regime sírio em Damasco e em Homs, no centro da Síria, ao mesmo tempo que a OPAQ anunciou que investigará as recentes alegações de ataques com cloro no conflito no país. Apesar da violência, as candidaturas se multiplicam para a eleição presidencial de junho, com 11 postulantes ao cargo, apesar da vitória certa de Bashar Al-Assad.

Combatente rebelde dispara arma contra aviões, que poderiam ser de forças leais ao presidente da Síria, Bashar Al-Assad, em Mork
Em Homs, controlada em grande parte pelo exército regular, ao menos 45 pessoas morreram em ataques com carro-bomba e um foguete no bairro de Zahra, de maioria alauita, segundo o governador da província de Homs, Talal Al-Barazi. Segundo o governador, 36 pessoas morreram e 75 ficaram feridas na explosão do carro-bomba.

Após 30 minutos, quando os moradores estavam no local para ajudar ou retirar as vítimas, um foguete de fabricação caseira caiu na área e matou nove pessoas. Outras 10 ficaram feridas. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informou um balanço de 37 civis mortos e quase 80 feridos em Zahra. Em Homs, terceira maior cidade da Síria, os rebeldes controlam apenas o centro da cidade, completamente em ruínas, e dois bairros periféricos.

Em Damasco, 14 pessoas morreram e 86 ficaram feridas por quatro obuses disparados por "terroristas" contra um instituto técnico na cidade velha, segundo a agência oficial Sana. Na terminologia oficial, a palavra "terrorista" designa os rebeldes que tentam derrubar o presidente sírio Bashar Al-Assad. O OSDH divulgou um balanço de 17 mortos e dezenas de feridos, 14 deles em estado grave. Os rebeldes, implantados na periferia de Damasco, disparam regularmente obuses contra Damasco, quando o exército do país bombardeia suas posições.

Um candidato cristão

Paralelamente, a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) anunciou nesta terça-feira uma "missão de averiguação" sobre as recentes alegações de ataques com cloro no conflito na Síria. O diretor-geral da OPAQ, Ahmet ;zümcü, "anunciou a criação de uma missão de inquérito sobre a alegada utilização de cloro na Síria", informou a organização em um comunicado. "A partida da equipe acontecerá em breve", acrescentou a organização, que supervisiona o desarmamento químico da Síria, um país em guerra há três anos.



A OPAQ informou ainda que o governo sírio "aceitou esta missão" e "está empenhado em fornecer segurança nas áreas sob seu controle". França e Estados Unidos acusaram recentemente Damasco de ter utilizado um produto químico industrial em ataques contra rebeldes no centro do país. O Conselho de Segurança da ONU evocou, por sua vez, em 23 de abril, uma investigação internacional sobre o assunto. O regime de Bashar Al-Assad e os rebeldes se acusam mutuamente por esses supostos ataques.

A Síria está prestes a completar o seu desarmamento químico em virtude de um acordo russo-americano assinado em setembro de 2013 e aprovado pela ONU. Neste contexto, o país deve eleger em 3 de junho o seu presidente. Apesar de a eleição de Assad ser dada como certa, dez candidatos, incluindo duas mulheres e um cristão, apresentaram sua candidatura.

Esta é a primeira eleição presidencial em mais de meio século. Assad e seu pai Hafez, que governou a Síria com mão de ferro de 1970 a 2000, foram nomeados por referendo. Uma fonte do Tribunal Constitucional confirmou que um dos candidatos declarados, Samih Mikha;l Moussa, era cristão. Segundo a Constituição, o presidente deve ser um muçulmano.

"Recebemos todos os pedidos e conduzimos ao Parlamento. Durante cinco dias, analisaremos para ver se eles estão de acordo com a Constituição e em 6 de maio vamos publicar os nomes dos candidatos", segundo a fonte. A eleição tem sido chamada de "farsa" e "paródia da democracia" pela oposição e os países ocidentais, mas o Irã, principal aliado regional do regime, defendeu nesta terça-feira a realização de eleições presidenciais na Síria, "como uma oportunidade de trazer a paz e estabilidade" nesta país devastado por anos de guerra.

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