Agência France-Presse
postado em 29/04/2014 15:41
União Europeia e Cuba iniciaram nesta terça-feira (29/4) as negociações para intensificar o diálogo político e a cooperação, em uma tentativa de deixar para trás os conflitos sobre direitos humanos.Um acordo com a UE seria particularmente positivo para Cuba, afetada por um bloqueio econômico dos Estados Unidos desde 1962, porque aumentaria a participação internacional do país, em um cenário de dúvidas sobre o futuro da ajuda atualmente recebida da Venezuela, segundo especialistas.
A primeira rodada de negociações será iniciada às 15h00 locais (16h00 de Brasília) desta terça, e será comandada pelo diretor-geral para as Américas do Serviço de Ações Exteriores da UE, Christian Leffler, e pelo vice-chanceler cubano, Abelardo Moreno, de acordo com fontes europeias.
[SAIBAMAIS]O encontro vai durar dois dias, e será focado em "estabelecer modalidades e um roteiro para as negociações", sendo seguido por reuniões alternadas entre Bruxelas e Havana, acrescentaram as fontes. A duração total do processo é estimada entre um e dois anos.
"As negociações do acordo de cooperação e diálogo com a União Europeia servem às prioridades da política externa cubana a longo prazo, na busca por uma autonomia maior, através da diversificação de sócios", avaliou Arturo López-Levy, professor da Universidade de Denver (em Colorado, nos EUA).
"Um acordo com a União Europeia daria a Cuba maior espaço, para não ser tão dependente da Venezuela, onde elementos de instabilidade podem obrigar o governo de Nicolás Maduro a não cumprir alguns compromissos de colaboração", acrescentou.
O novo acordo permitirá "promover o comércio e as relações econômicas", principalmente no setor turístico. A UE, no entanto, pretende manter a "Posição Comum" de 1996, que condiciona sua cooperação com o país à situação dos direitos humanos na ilha.
Cuba é o único país da América Latina que não tem um acordo desse tipo com o bloco europeu, que suspendeu sua cooperação com o país depois de detenção de 75 dissidentes cubanos em 2003.
O diálogo foi retomado em 2008, e, desde então, o governo cubano assinou acordos bilaterais com 15 países da UE. Somente neste ano a União Europeia já enviou 80 milhões de euros (110 milhões de dólares) em ajuda para Cuba.