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Hidrelétricas estão entre responsáveis por enchentes na Índia, diz estudo

Em junho de 2013, enchentes e deslizamentos devastaram o estado himalaio de Uttarakhand, deixando mais de 5.500 mortos e desaparecidos

Agência France-Presse
postado em 30/04/2014 18:54
Projetos de hidreletricidade no norte da Índia foram parcialmente responsabilizados por enchentes devastadoras que mataram milhares de pessoas no ano passado, concluiu um relatório do governo, em um alerta para outros países do Himalaia que investem nessa fonte de energia limpa.

Em junho passado, enchentes e deslizamentos provocados por chuvas de monções antecipadas, devastaram o estado himalaio de Uttarakhand, deixando mais de 5.500 mortos e desaparecidos e destruindo cidades e povoados.

O segundo país mais populoso do mundo se voltou para projetos de hidreletricidade na cordilheira do Himalaia para produzir eletricidade, enquanto busca conter sua dependência em usinas térmicas a carvão, assim como reduzir seus incapacitantes cortes de energia.

Paquistão, China, Butão e Nepal também observam a expansão das usinas hidrelétricas no Himalaia variar em diferentes níveis, frequentemente em áreas frágeis ecologicamente.

Em um relatório encomendado pelo governo indiano, um painel de especialistas indicou que mais de 30 projetos de hidrelétricas provocaram um aumento de sedimentos nos rios de Uttarakhand, inclusive solo escavado durante a construção e depositado nas margens.



Quando chuvas intensas caem sobre a região, os rios irrompem suas margens, levando toneladas de água e sedimentos rio abaixo, exacerbando as cheias que arrastaram estradas, pontes e prédios.

"Os danos ocorreram devido a uma combinação de quantidade de água de enchentes e cargas de sedimentos arrastadas pelos rios", destacou o informe obtido pela AFP na noite de terça-feira.

"A gestão de resíduos (resultantes de escavação) é uma questão crucial. As práticas atuais precisam ser revistas e formas tecnicamente corretas e ecologicamente sustentáveis para a gestão de sedimentos em Uttarakhand devem ser propostas para proteger as pessoas e o terreno de uma situação como a de 23 de junho", destacou.

O informe também ressaltou que, embora os políticos considerem a produção e a venda da energia hídrica como "essencial" para as receitas, o emprego e o crescimento econômico, a região economicamente frágil precisa ser melhor protegida.

Segundo o documento, 23 de 24 projetos propostos estudados na região não deveriam ser liberados se estiverem sendo construídos perto de áreas protegidas ou vulneráveis.

O relatório, que foi apresentado ao governo e à Suprema Corte este mês, pede que um único departamento do governo gerencie questões de conservação no Himalaia.

"É importante que a questão da conservação no Himalaia seja abordada com a máxima sinceridade por um departamento/ministério apontado no governo central", destacou o informe.

Também foram recomendados estudos em toda a região para melhor entender o impacto de múltiplas usinas, os efeitos ambientais do desmatamento, das escavações, das explosões e dos reservatórios.

As hidrelétricas geram atualmente 17,4% da eletricidade na Índia, mas muitos projetos estão atualmente em desenvolvimento, inclusive 92 que foram licenciados em Uttarakhand.

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