Agência France-Presse
postado em 01/05/2014 12:52
Santander de Quilichao - Pelo menos três pessoas morreram no desabamento de uma mina de ouro artesanal que operava de forma ilegal no departamento de Cauca, no oeste da Colômbia, enquanto as equipes de resgate trabalhavam sem descanso para resgatar entre 25 e 30 pessoas que ficaram soterradas."Conseguimos retirar três corpos, dois feridos foram transferidos" para o hospital, afirmou nesta quinta-feira à rádio Caracol Víctor Claros, comandante do Corpo de Bombeiros do departamento de Cauca.
Os corpos encontrados estavam a 20 metros de profundidade. Equipes de socorro continuam trabalhando na região e entre 25 e 30 pessoas permanecem presas no interior da mina, acrescentou Claros.
"É impossível que estejam com vida porque há terra e a lama em grande quantidade", declarou o comandante do Corpo de Bombeiros. "Acredito que é possível descartar que existam pessoas com vida", afirmou.
Segundo Claros, os mineiros trabalhavam nesta região próxima ao município de Santander de Quilichao quando um deslizamento de terra e lama os soterrou na noite de quarta-feira.
[SAIBAMAIS]As equipes atuam em um túnel de 15 metros, declarou à AFP uma fonte oficial que pediu para não ser identificada.
Além disso, a fonte afirmou que a equipe de resgate é composta por agentes especializados apoiados por cães treinados.
Esse foi o segundo acidente com mineração na Colômbia em menos de uma semana. No sábado passado, no município de Buriticá, departamento de Antioquia (noroeste), quatro pessoas morreram devido à inalação de gás em outra mina ilegal.
Risco latente
"As condições de informalidade e a infraestrutura significavam um risco latente para os trabalhadores" da mina de ouro artesanal, afirmou em um comunicado a Defensoria do Povo, encarregada de verificar o respeito aos direitos humanos na Colômbia.
Desde o início do ano, o organismo vem emitindo alertas pedindo o fim deste tipo de atividade no departamento, o que levou as autoridades a apreenderem máquinas escavadeiras.
No entanto, "os trabalhos de exploração ilegal de ouro prosseguiram", acrescentou este organismo estatal.
De acordo com a Defensoria, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), presentes no oeste do país, se beneficiam da mineração ilegal "por meio da cobrança de cotas pela entrada e operação das retroescavadeiras".
Depois de operações contra a mineração ilegal realizadas em fevereiro, o funcionário do município de Santander de Quilichao que ordenou a intervenção sofreu ameaças, acrescentou a Defensoria em um comunicado.
A guerrilha das Farc é a maior do país, com 50 anos de existência e cerca de 8.000 combatentes, segundo números oficiais.
O mais recente relatório do governo sobre a questão alerta que a mineração ilegal é uma prática comum na Colômbia. De acordo com um organismo encarregado dos recursos naturais do país, "apenas 37% das 14.357 unidades mineradoras registradas (entre 2011 e 2012) têm permissão".
Um outro informe da Agência Nacional de Mineração declarou que de janeiro a setembro de 2013 ocorreram 66 situações de emergência relacionadas a essa atividade, nas quais 71 pessoas morreram e 51 ficaram feridas.
Na Colômbia, há 14.357 unidades de produção mineradora, 56% das quais não têm licença de exploração.
Em 2012, a mineração representou 2,3% do PIB colombiano, de acordo com o Departamento de Estatísticas.