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Pedofilia: Igreja quer se dotar de 'procedimentos eficazes' contra culpados

São necessários "procedimentos claros" para que os culpados, em todos os níveis, "respondam por seus atos", afirmou O'Malley, presidente da comissão

Agência France-Presse
postado em 03/05/2014 16:51
Vaticano - A comissão de especialistas criada pelo papa Francisco anunciou neste sábado que quer ajudar a estabelecer "procedimentos eficazes" na Igreja Católica para que os padres pedófilos sejam punidos, mas sem propor meios jurídicos.

"Nós adotamos o princípio de que o bem de uma criança ou de um adulto vulnerável deve ser prioritário quando uma decisão tiver que ser tomada", indicaram em um comunicado os oito especialistas da comissão, entre eles o cardeal de Boston, Sean O;Malley, e a vítima irlandesa de abusos sexuais Marie Collins.

"Garantir que os culpados respondam por seus crimes é especialmente importante, incluindo no desenvolvimento de meios que permitam criar protocolos e procedimentos transparentes e eficazes", indica a comissão.

Não deve haver tolerância "com aqueles que cometem os crimes" e com os "que se mostram negligentes" diante deles, afirmou O;Malley, presidente da comissão, em uma entrevista coletiva à imprensa.

São necessários "procedimentos claros" para que os culpados, em todos os níveis, "respondam por seus atos", reafirmou.

Ele não deu maiores detalhes sobre como os padres culpados e aqueles que os protegem podem ser diferenciados de forma mais eficaz na justiça. Essa foi a maior crítica feita pelo Comitê de Direitos da Criança da ONU ao Vaticano, durante uma audiência em janeiro.

"Queremos expressar nossa profunda solidariedade a todos aqueles que foram vítimas de abusos sexuais quando eram crianças ou adultos vulneráveis", indica o documento.

O cardeal americano foi perguntado sobre a possível existência de "resistências" à comissão na Cúria ou na hierarquia da Igreja. "Pessoalmente, não senti isso", respondeu O;Malley.

"Mas alguns dizem: ;é um problema irlandês ou americano;, quando, na verdade, enfrentamos um problema mundial. Daí, a importância da educação. Ainda existe ignorância em relação a este tema, um sentimento de negação" do problema, acrescentou o cardeal.

Marie Collins, que sofreu abusos em sua juventude cometidos por um padre, destacou, após essa reunião de três dias, que saía com uma "percepção muito positiva" no que se refere à questão da "responsabilidade" dos autores desses crimes.

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Dada a variedade de situações, a comissão vai ser ampliada para incluir pessoas de outras zonas geográficas e de outros setores. Estatutos também serão propostos ao Papa. Uma colaboração regular será instaurada com vários organismos do Vaticano, incluindo a Polícia.

O Monsenhor O;Malley ainda deixou claro aos jornalistas que os especialistas são encarregados de elaborar instrumentos e de dar conselhos ao Papa, mas que não vão "seguir casos individuais".

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