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Presidente sírio terá dois adversários na eleição presidencial

Com o país devastado por um conflito que já dura três anos, a eleição vai ser realizada apenas nos territórios controlados pelo regime

Agência France-Presse
postado em 04/05/2014 11:28
Damasco - O presidente sírio, Bashar al-Assad, vai enfrentar dois candidatos na eleição presidencial de 3 de junho, anunciou neste domingo em Damasco o porta-voz do tribunal constitucional.

Com o país devastado por um conflito que já dura três anos, a eleição vai ser realizada apenas nos territórios controlados pelo regime

"O Alto Tribunal Constitucional anuncia ter validado as candidaturas de Maher al-Hajjar, de Hassan Abdellah al-Nouri e de Bashar Hafez al-Assad, segundo a ordem das datas das apresentações das candidaturas", declarou Majed al-Khadra.

"As outras candidaturas foram recusadas porque não respeitam os critérios constitucionais e legais. Aqueles que tiveram seu pedido recusado podem apresentar um recurso ao tribunal a partir de segunda-feira e durante três dias", acrescentou. Vinte e quatro pessoas tinham apresentado suas candidaturas. Apesar da aparente disputa, a reeleição de Assad é certa.

Com o país devastado por um conflito que já dura três anos, a eleição vai ser realizada apenas nos territórios controlados pelo regime e já foi chamada de farsa pela oposição e pelos países ocidentais.

[SAIBAMAIS]

Esta será, teoricamente, a primeira eleição presidencial em mais de meio século. Assad e seu pai Hafez, que governou a Síria com mão de ferro de 1970 a 2000, foram eleitos em referendos.

Originário de Aleppo, principal cidade do norte - hoje dividida entre rebeldes e as forças do regime -, Maher al-Hajjar, nascido em 22 de abril de 1968, é um deputado independente que por muito tempo foi integrante do Partido Comunista.

Hassan al-Nouri é um empresário de Damasco que foi membro de uma formação opositora do interior, tolerada pelo poder. Ele é formado em Administração pela Universidade do Wisconsin, nos Estados Unidos, e é doutor pela Universidade John F. Kennedy, da Califórnia.

A ONU criticou a decisão de Damasco de realizar esta eleição. De acordo com o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, "uma eleição como esta é incompatível com a Carta de Genebra" sobre uma transição democrática na Síria. O processo eleitoral foi anunciado em um momento favorável ao governo na guerra contra os rebeldes.

O regime e os insurgentes chegaram a um acordo para a retirada dos oposicionistas armados do centro em ruínas da cidade de Homs, assediada há dois anos pelas forças do regime, afirmou à AFP neste domingo um negociador rebelde.

"Um acordo foi concluído entre os representantes dos rebeldes e os chefes dos serviços de segurança, na presença do embaixador do Irã, para a retirada dos insurgentes da Cidade Velha", afirmou Abul Hareth, via internet. "A discussão acontece agora em torno de sua aplicação", indicou.

Uma versão do texto obtida pela AFP com uma fonte da oposição indica que "o acordo estabelece a libertação de 70 prisioneiros iranianos e libaneses em poder da Frente Islâmica", uma coalizão de rebeldes islamitas. Segundo os insurgentes, esses presos foram capturados em Aleppo.



O acordo também é relativo aos mais de dois mil civis presos no meio do fogo cruzado, segundo o texto. Nenhuma autoridade síria foi encontrada para confirmar essa informação.

Ainda de acordo com o texto, os rebeldes poderão deixar o centro de Homs com suas famílias e mantendo suas armas individuais. Eles também vão poder levar seus pertences em malas e serão transportados para o norte da província em ônibus com vidros escuros, escoltados por policiais.

Mais de 150.000 pessoas morreram desde o início da guerra na Síria, em março de 2011, segundo uma ONG opositora com sede no Reino Unido. Mais de 9 milhões de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas como medo da violência, sendo que 2,6 milhões fugiram do país, segundo a ONU.

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