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Povoado devastado por deslizamento no Afeganistão implora por ajuda

Em Aab Bareek, a tragédia deixou 700 famílias em situação de miséria absoluta, e muitas delas passaram as duas últimas noites a poucos metros das ruínas de suas casas

Agência France-Presse
postado em 04/05/2014 13:41
Abb Bareek - Em meio a uma desolação total, os sobreviventes do deslizamento de terra que atingiu uma aldeia no nordeste do Afeganistão pediam neste domingo ajuda urgente, depois da morte de pelo menos 300 pessoas na tragédia que transformou o povoado em cemitério.

O deslizamento de terra aconteceu na sexta-feira no distrito de Argo da província de Badakshan, uma região pobre e montanhosa na fronteira com Tadjiquistão, China e Paquistão, relativamente poupada da violência dos insurgentes talibãs.

A chuva torrencial causou uma avalanche de toneladas de lama e pedras que desceu por um vale e atingiu a localidade de Aab Bareek. O deslizamento destruiu centenas de casas e deixou pelo menos 300 mortos, de acordo com as autoridades.

[SAIBAMAIS]

O presidente Hamid Karzai decretou luto nacional neste domingo em homenagem às vítimas, e as bandeiras afegãs tremulavam a meio mastro nos edifícios do governo.

Em Aab Bareek, a tragédia deixou 700 famílias em situação de miséria absoluta, e muitas delas passaram as duas últimas noites a poucos metros das ruínas de suas casas. "Estava comendo quando tudo aconteceu", explicou Begum Nisa, de 40 anos.

"Escutei um barulho grande, como um rugido, e percebi que era um deslizamento de terra. Gritei para a meus parentes: ;Corram;. Mas já era tarde demais. Perdi meu pai, minha mãe, meu tio e outros cinco membros da minha família", acrescentou.

As operações de buscas destinadas a encontrar sobreviventes foram concluídas oficialmente no sábado e as autoridades tentam agora ajudar os desabrigados, com o auxílio de organizações humanitárias.

- "Reconstruir o povoado" -

Barracas e rações alimentares começaram a ser distribuídas. "Eles nos deram barracas, mas isso não basta", disse à AFP Imam Jaldar, de 60 anos, que perdeu sua mulher e dois filhos.

"Precisamos de comida e de muitas outras coisas. E há muitas vítimas que não receberam ajuda alguma do governo", afirmou. Zarghoona, uma mulher de 35 anos, passou a noite em um morro próximo com seus filhos, apesar do frio.

"Meu marido morreu. Meus filhos são pequenos e não podem trabalhar. Não sei como vou poder dar comida a eles", disse ela com a voz embargada.

Para Aminullah Amin, um dos chefes de Aab Bareek, "é preciso reconstruir o povoado em outro lugar". "Aqui as pessoas perderam tudo o que tinham; familiares, bens, gado... Não há nada que as permita seguir em frente", explicou.

Um fundo de emergência criado pelo governo para ajudar os afetados reuniu até agora 350.000 dólares, disse à AFP o porta-voz do governo local, Ahmad Naweed Frotan.

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O drama comoveu a comunidade internacional. Em Nova York, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, expressou sua "profunda tristeza". ONU, Estados Unidos e União Europeia já indicaram que vão ajudar as vítimas.

A tragédia aconteceu uma semana depois de enchentes terem deixado cerca de cem mortos no norte deste país, um dos mais pobres do mundo, assolado por mais de três décadas de guerra.

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