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ONG denuncia abusos 'sistemáticos' contra opositores na Venezuela

A HRW encontrou "evidências convincentes de graves violações dos direitos humanos cometidas pelos membros das forças de segurança" do governo do presidente Nicolás Maduro

Agência France-Presse
postado em 06/05/2014 09:16
Washington - As forças de segurança da Venezuela incorrem em um "padrão sistemático de abusos" contra manifestantes opositores, incluindo tortura, com o objetivo de inibir os protestos contra o governo, denunciou a organização Human Rights Watch (HRW) em um relatório divulgado nessa segunda-feira (5/5). A HRW encontrou "evidências convincentes de graves violações dos direitos humanos cometidas pelos membros das forças de segurança" do governo do presidente Nicolás Maduro.

Para a organização, o presidente Maduro (foto) precisa parar de atribuir a responsabilidade pela violência à oposição
Segundo a organização humanitária com sede em Nova York, promotores e juízes "conheceram, participaram ou toleraram abusos contra manifestantes detidos, incluindo sérias violações do direito ao devido processo legal". O documento, intitulado "Castigados por protestar", revela que os "integrantes das forças de segurança também permitem que grupos armados ligados ao governo ataquem civis desarmados" e, em alguns casos, até auxiliam estas gangues governistas.

"Estes não são fatos isolados e constituem um padrão sistemático de abusos", destacou o diretor do capítulo americano da HRW, José Miguel Vivanco, ao apresentar o relatório em Washington. "O presidente Maduro não pode e nem deve ignorar estes fatos, e precisa parar de atribuir a responsabilidade pela violência à oposição".



[SAIBAMAIS]Uma investigação da HRW realizada em março passado - durante o auge dos protestos - encontrou "numerosas evidências" de abusos em 45 casos que envolveram mais de 150 vítimas em Caracas e nos Estados de Carabobo, Miranda e Lara. Em quase todos os casos, as forças de segurança recorreram "repetidamente ao uso ilegítimo da força" contra manifestantes pacíficos e desarmados, inclusive após sua detenção, destaca o relatório.

Em ao menos dez casos, "os abusos claramente constituíram tortura", e em outros 13 foram dirigidos contra jornalistas ou pessoas que gravavam imagens da repressão policial. Para Vivanco, esta situação "representa a mais grave crise presenciada na Venezuela em anos". O relatório conclui que a Venezuela está se tornando uma "anomalia" nos direitos humanos na América Latina, onde em países como o Brasil e o Chile os recentes casos de abusos policiais durante protestos foram condenados pelas mais altas autoridades.

Segundo o diretor da HRW, a estratégia do governo de classificar os protestos de tentativa de golpe de estado "promove um ambiente onde os agentes (da ordem) e as quadrilhas armadas pró-governo se sentem apoiados para agir com violência contra os supostos conspiradores". "Evidentemente o que o governo busca é impor o medo" aos manifestantes. A onda de protestos na Venezuela já deixou 41 mortos, 700 feridos e inúmeros detidos, inclusive vários líderes da oposição a Maduro.

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