Agência France-Presse
postado em 06/05/2014 17:04
A Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) pediu nesta terça-feira (6/5) um cessar-fogo na Ucrânia, enquanto a realização das eleições presidenciais de 25 de maio parece cada vez mais difícil. "Precisamos de um cessar-fogo para a eleição", declarou o presidente da OSCE, Didier Burkhalter, em Viena, onde se reuniram nesta terça cerca de 30 chanceleres, entre eles o russo, Serguei Lavrov, e o ucraniano, Andrei Deshchitsia.O chefe da diplomacia ucraniana aproveitou a reunião do Conselho da Europa para lançar um pedido de ajuda internacional para a organização "livre e democrática" da eleição presidencial antecipada de 25 de maio, em meio a um aumento da violência no país.
"Pedimos a todos os sócios o envio de observadores internacionais à Ucrânia para monitorar as eleições e para fazer todo o possível para eliminar as ameaças e as provocações externas apoiadas pela Rússia", declarou Deshchitsia.
[SAIBAMAIS]Além disso, o chanceler se disse favorável a uma nova reunião em Genebra, desde que "a Rússia apoie esta eleição, elimine sua ameaça e acabe com o seu apoio a grupos extremistas na Ucrânia".
O presidente da OSCE também pediu uma nova reunião em Genebra, apesar do fracasso do acordo diplomático concluído em 17 de abril passado entre Ucrânia, Rússia, Estados Unidos e União Europeia para aliviar a tensão no leste da Ucrânia.
Burkhalter discutirá a questão esta tarde com o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier. Na quarta-feira, vai se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, que classificou a eleição de "absurda".
Nos últimos dias, Alemanha e Rússia pediram um fortalecimento do papel da OSCE na tentativa de resolver a crise ucraniana.
O chanceler britânico, William Hague, afirmou que "a grande maioria dos países" reunidos em Viena acredita que a votação deva ser realizada em 25 de maio. Hague acusou a Rússia de "querer impedir e perturbar" a eleição.
Já o presidente francês, François Hollande, advertiu que, se a votação não for realizada na data prevista, o país vai cair no "caos", com "risco de guerra civil".
- Novos combates no leste -
Enquanto os diplomatas reunidos em Viena tentam evitar uma guerra civil, os confrontos continuam no leste da Ucrânia, onde o Exército matou 30 separatistas pró-Rússia em sua ofensiva por terra e por ar para tentar recuperar a região.
Em Slaviansk, epicentro dos combates, jornalistas da AFP constataram que alimentos e bens básicos começam a faltar nos supermercados. Também era possível ouvir disparos de armas.
Na segunda-feira, confrontos deixaram quatro militares ucranianos mortos e 20 feridos. As forças do governo também perderam seu terceiro helicóptero desde o início da ofensiva.
Do lado russo, "mais de 30 terroristas morreram e outras dezenas ficaram feridos", de acordo com o ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov.
A operação em Slaviansk, cidade de 100 mil habitantes, faz parte de uma campanha mais ampla, para recuperar o controle do leste do país. Mais de dez cidades estão em mãos dos pró-russos.
Em Donetsk, na mesma região, todos os voos ficaram "temporariamente suspendidos" na manhã desta terça, mas o motivo não foi divulgado.
Kiev e seus aliados ocidentais temem que a Rússia acabe invadindo a parte oriental da Ucrânia. Mas o comandante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Europa, general Philip Breedlove, avaliou que Putin pode alcançar seus objetivos sem precisar recorrer ao envio de tropas.
"O mais provável é que continue desacreditando o governo (ucraniano), provocando o caos e tentando preparar o terreno para um movimento separatista", afirmou o comandante.
Com a piora da situação, a alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu ao governo ucraniano que respeite as normas internacionais em suas operações militares e os direitos da população com etnia russa. Além disso, convocou os rebeldes a "pôr fim às suas ações ilegais" e a entregar suas armas.
Enquanto os diplomatas ocidentais se reúnem e estendem a mão à Rússia, seus governos mantêm sua política de sanções contra Moscou.
Nesta terça, o subsecretário do Tesouro americano, David Cohen, embarca para França, Alemanha e Inglaterra, em viagem que vai até a próxima sexta com o objetivo de coordenar as sanções, segundo um comunicado desse Departamento. Os Estados Unidos também denunciaram o plano de referendo para o leste da Ucrânia, classificado como "fraudulento".