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Rebeldes iniciam retirada da área antiga de Homs, no centro da Síria

Segundo o negociador rebelde Abul Hareth, "três ônibus saíram da área antiga com 120 pessoas a bordo, feridos, civis e combatentes"

Agência France-Presse
postado em 07/05/2014 15:23
Forças leais ao presidente da Síria, posam para uma foto após a sua libertação pelos rebeldes. Eles foram libertados como parte de um acordo maior, que viu os últimos rebeldes sírios remanescentes na região central cidade Homs evacuar suas posições e cativos em diversos locais no norte da Síria
Homs - O último grupo de rebeldes irredutíveis, há mais de dois anos cercados pelas tropas governamentais, começaram a deixar a área antiga de Homs, no centro da Síria, uma vitória para o regime sírio a um mês da aguardada reeleição do presidente Bashar al-Assad.

A retirada de ao menos 1.200 combatentes, civis e feridos de Homs, também conhecida como a "capital da revolução" por ter sido palco das maiores manifestações contra o regime em 2011, é resultado de um acordo inédito concluído há dois dias pelos rebeldes e as forças de segurança da Síria.

Os rebeldes podem deixar Homs de cabeça erguida, sem serem humilhados, mas para o regime esta é uma grande vitória simbólica na cidade na qual a rebelião armada nasceu. A retirada começou às 10H00 (04H00 no horário de Brasília) em ônibus que tiveram suas janelas tapadas com papel. "Até o momento, 400 pessoas deixaram o enclave sitiado", indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).


O governador de Homs, Talal al-Barazi, confirmou a saída de três comboios rebeldes da área antiga da cidade. "Se for possível, um quarto grupo deixará a cidade esta noite e a operação continuará na quinta-feira".

Os comboios seguiram para Dar al-Kabira, uma cidade rebelde que fica 20 km ao norte. Um vídeo divulgado pelos rebeldes mostra homens, com mochilas nas costas, subindo nos ônibus. Em outro vídeo é possível ver um veículo da ONU posicionado com homens com coletes.

No Facebook, o ex-jogador de futebol Abdel Basset al-Sarut, símbolo da revolta em Homs, postou uma foto de rebeldes chorando ao deixar a cidade. "Com a saída destes homens, a operação de reconciliação vai começar para que Homs seja uma cidade sem armas e homens armados", disse Al-Barazi.

Após a retirada, as forças sírias devem começar a retirar as minas e explosivos da área abandonada pelos rebeldes, segundo o governador.

;Vontade de chorar;

O presidente Assad, citado pela televisão estatal, afirma que "o Estado apoia o processo de reconciliação nacional em todas as regiões, porque deseja parar o derramamento de sangue e porque acredita que a solução para a crise não pode vir do exterior, mas dos próprios sírios".

Mas para o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, o que aconteceu é, "sobretudo, uma derrota para a comunidade internacional". "Houve uma resistência lendária apesar dos dois anos de cerco e, apesar de tudo isso, a comunidade internacional não fez nada", declarou. "Esta é uma vitória midiática para o regime porque Homs ocupou um lugar simbólico na revolução síria", considerou.

Durante os dois anos de cerco, quase 2.200 pessoas morreram na parte antiga da cidade, de acordo com o OSDH. No centro histórico, completamente em ruínas, já não havia comida e outros produtos básicos. "Sinto uma enorme vontade de chorar. Sinto que minha alma deixou meu corpo ao sair de Homs", relatou um rebelde de Dar al-Kabira, Wael. Este último declarou à AFP que os recém-chegados estavam morrendo de fome e muito magros.

O acordo para a retirada também contempla a libertação de prisioneiros sob poder dos rebeldes na cidade de Aleppo, norte do país. Os rebeldes permitirão ainda o acesso de ajuda humanitária às cidades xiitas de Nubol e Zahraa, cercadas pelos insurgentes.

Neste contexto e com a aproximação das eleições, o presidente sírio Assad quer ser reeleito no próximo mês sobre "os cadáveres dos sírios", segundo o chefe da oposição síria, Ahmad Jarba, em visita à capital americana.

Jarba, que se reunirá com o presidente americano Barack Obama, considerou que a eleição presidencial de 3 de junho é uma farsa que ameaça conceder ao presidente Assad "permissão para matar por muitos anos no futuro". Em um discurso em um centro de análises de Washington, o líder pediu que os Estados Unidos concedam as suas forças as armas necessárias para derrotar o forte exército do governo de Assad.

As forças da oposição precisam de "armas eficientes para enfrentar estes ataques, incluindo os aéreos, e poder mudar o equilíbrio de poder em terra", declarou Jarba, estimando que isso "permitiria uma solução política".

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