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Ucrânia afima que continuará operação contra ativistas pró-Rússia

A consulta sobre uma "declaração de independência" da república autoproclamada de Donetsk ocorrerá em 11 de maio

Agência France-Presse
postado em 08/05/2014 09:50
Donetsk - A Ucrânia prosseguirá com a operação contra os rebeldes pró-Rússia no leste do país, que anunciaram a manutenção para domingo (11/5) do referendo de independência, rejeitando assim o adiamento proposto pelo presidente russo, Vladimir Putin. A consulta sobre uma "declaração de independência" da república autoproclamada de Donetsk ocorrerá em 11 de maio, anunciaram simultaneamente representantes dos rebeldes em Donetsk e Slaviansk.

Militares participam de treinamento em base da Guarda Nacional da Ucrânia, perto de Kiev
"Não será adiado", disse o líder separatista Denis Puchilin, antes de afirmar que a decisão foi tomada nesta quinta-feira pelo conselho local dos rebeldes em uma votação em Donetsk. Na região vizinha de Lugansk, uma decisão similar foi tomada "por unanimidade", informou a agência Interfax, que citou um porta-voz do "exército do sudeste". Antes de saber da decisão dos separatistas, o secretário do Conselho de Segurança Nacional e de Defesa ucraniano, Andrei Parubi, havia anunciado que a "operação antiterrorista" continuaria "independente das decisões dos grupos subversivos ou terroristas da região de Donetsk".

A União Europeia reagiu rapidamente ao anúncio dos rebeldes e destacou que a celebração do referendo no leste da Ucrânia "não terá nenhuma legitimidade democrática e apenas agravará ainda mais a situação". O cenário apresentado por Putin na quarta-feira para reduzir a tensão na Ucrânia parece, assim, ter virado fumaça.

[SAIBAMAIS]O chefe de Estado russo surpreendeu com um tom mais conciliador a respeito de Kiev, após um encontro em Moscou com o presidente da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), o suíço Didier Burkhalter. Putin propôs um "diálogo" que previa a paralisação da operação militar ucraniana no sudeste do país, em troca do adiamento do referendo.

Kiev considerou hoje as propostas de "piada" e destacou que, "apesar do aparente gesto de boa vontade, o conteúdo e a retórica utilizados pelo Kremlin não têm nada a ver com uma busca real de solução" para a crise ucraniana. O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, já havia acusado na quarta-feira o presidente russo de "vender fumaça".



As autoridades de Kiev não reconhecem este projeto, na sua opinião, de "referendo terrorista", segundo o ministério das Relações Exteriores, que recordou que Moscou mencionou um cenário similar na Crimeia. Esta península do Mar Negro foi anexada à Rússia no mês de março, depois de celebrar uma consulta de independência da Ucrânia.

O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank Walter Steinmeier, destacou o "tom construtivo" utilizado por Putin e disse que a diplomacia ainda tem uma oportunidade para "evitar uma nova escalada da violência". Ao comentar o outro anúncio de Putin sobre a retirada das tropas da fronteira com a Ucrânia, os países ocidentais demonstraram ceticismo. O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, declarou que não havia "nenhum sinal" de retirada.

Em Moscou, o ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, afirmou que as capacidades nucleares da Rússia em terra, mar e ar estavam em "alerta constante". Ao mesmo tempo, a Rússia teria executado vários testes de mísseis balísticos supervisionados por Putin, incluindo o lançamento de um míssil balístico intercontinental a partir da base de Plesetsk (norte da Rússia), segundo agências russas.

Surpresa para os insurgentes


Os rebeldes pró-Moscou foram surpreendidos na quarta-feira pela proposta inesperada de Putin de adiar o referendo. Em Donetsk, região na fronteira com a Rússia, várias pessoas se reuniram nesta quinta-feira na prefeitura, ocupada desde meados de abril pelos separatistas.

Em Slaviansk, outro reduto rebelde, foram registrados combates na periferia da cidade durante a madrugada. As autoridades ucranianas iniciaram na sexta-feira da semana passada uma operação militar para retomar o controle da região, o que provocou dezenas de mortes.

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