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Advogado que defendia professor acusado de blasfêmia é morto no Paquistão

Os assassinos seriam jovens e chegaram de motocicleta, sem se importarem em usar máscaras para esconder a identidade

Agência France-Presse
postado em 08/05/2014 12:20
Multan - Os advogados paquistaneses faziam greve nesta quinta-feira (8/5) em protesto pelo assassinato de um colega que defendia um professor universitário acusado de ter denegrido o profeta Maomé, um crime punível com a pena de morte no Paquistão. Na noite de quarta-feira (7/5), homens armados abriram fogo contra Rashid Rehman e dois de seus assistentes em Multan, cidade do sul da província central de Punyab, a mais povoada do país, afirmou à AFP Zulfiqar Ali, um funcionário da polícia local.

Parentes choram sobre o corpo do advogado Rashid Rehman, em Multan
Segundo Ali, os assassinos de Rehman eram jovens e chegaram de motocicleta, sem se importarem em usar máscaras para esconder sua identidade. Rehman, que tinha cerca de 50 anos e era casado, foi declarado morto no hospital. Ele foi atingido por cinco tiros, incluindo um na cabeça e outro no coração, de acordo com o médico Ashiq Malik, do hospital Nishtar. Os outros dos homens ficaram feridos, mas estão fora de perigo.

"Estamos fazendo uma greve e nenhum advogado aparecerá em nenhum tribunal hoje para lamentar e protestar pela morte de nosso colega", declarou Sher Zaman Qureshi, presidente da Ordem dos Advogados de Multa, à AFP. "Exigimos que os assassinos de Rashid Rehman sejam presos imediatamente", ressaltou.



Ele acrescentou que Rehman havia informado à Ordem sobre ameaças de morte proferidas contra ele e a organização pediu que a polícia fornecesse segurança, mas o pedido foi negado. Rashid Rehman defendia Junaid Hafeez, professor da universidade Bahaudin Zakariya, acusado de ter denegrido o profeta Maomé em março de 2013. Nenhum outro advogado havia aceitado defender seu caso.

Na primeira audiência do caso, em março, Rehman havia sido ameaçado de morte pelos advogados da outra parte. "Os advogados disseram que não estaria presente na próxima audiência porque estaria morto", lamentou a Comissão Paquistanesa dos Direitos Humanos (HRCP), um organismo independente. A ameaça foi feita na presença de um juiz, acrescentou a HRCP.

O grupo exigiu nesta quinta-feira que "processos sejam abertos imediatamente contra aqueles que ameaçaram Rashid e que seus assassinos sejam levados à Justiça". Centenas de pessoas compareceram ao funeral de Rehman, realizado nesta quinta-feira, enquanto ativistas e advogados protestaram em frente ao cemitério exigindo a prisão dos assassinos.

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